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Sabedoria que persiste ao longo do tempo

Não há dúvida de que os ensinamentos contidos no I Ching não fossem de grande valia não teriam sobrevivido há tantos séculos. O mais interessante é que, apesar de seu surgimento datar de cerca de 5 mil anos, as idéias contidas nele continuam válidas. É como se a natureza humana pouco tivesse mudado nesse tempo todo. Os homens continuam precisando de orientação para os mesmos tipos de assunto: sua evolução espiritual, os conflitos interpessoais e a necessidade de encontrar um caminho que lhes satisfaça.

As mudanças tecnológicas não conseguiram aplacar nenhum desses impasses e o homem continua seguindo os ciclos da natureza, como integrante dela que é. No mundo ocidental, a tradução mais conhecida do I Ching é a de Richard Wilhelm, cujo título é O Livro das Mutações. Na introdução, ele afirma: “...é, sem sombra de dúvidas, um dos livros mais importantes da literatura mundial. Sua origem perde-se na antigüidade mítica, tendo ocupado a atenção dos maiores estudiosos Chineses daquele período até nossos dias. Praticamente tudo de mais significativo e relevante ocorrido nestes três milênios de história cultural Chinesa retirou sua inspiração deste livro ou exerceu influência na interpretação de seu texto. Desta forma, pode-se afirmar com segurança que a sabedoria, amadurecida em milhares de anos, tem participado da elaboração do I Ching.”

A filosofia do I Ching diz que “Nada acontece por acaso, este é o princípio da sincronicidade. Os eventos se interligam.” No momento em que alguém se propõe a formular uma pergunta sobre algo que o aflige, uma série de eventos únicos e interligados o guiará de encontro à resposta que mais se adequar à situação. É assim que a consulta ao I Ching funciona. Fazemos uma pergunta e somos literalmente levados até a resposta mais apropriada para o momento que estamos vivendo.

Ao contrário do que os céticos possam pensar não se trata de uma simples coincidência.
O I Ching chama isso de “coincidência significativa”. O que é isso? Quando dois eventos
sem qualquer relação um com o outro ocorrem ao mesmo tempo. É o tal princípio
da sincronicidade. No prefácio à tradução do I Ching de Richard Wilhelm, o psicanalista
Carl Gustav Jung fala sobre isso. Segundo ele, o lançamento das moedas forma um acontecimento sincrônico à nossa busca de orientação no I Ching.

Mas Jung alerta: “Aquele que não aprecia o I Ching não precisa usá-lo, e aquele que é contra não é obrigado a considerá-lo verdadeiro. Que o deixem seguir para o mundo em benefício daqueles que sejam capazes de discernir seu significado.” E para compreender esse significado é preciso saber, antes de tudo, que o I Ching não oferece previsões do futuro nem um estudo do caráter de quem faz a pergunta. Em vez disso, oferece conselhos sobre como conduzir uma determinada situação com sabedoria e, assim, entrar em contato com as forças da natureza e com o que há de mais profundo em nós. Seus conselhos foram preparados com base na observação da natureza.
 
No Ocidente, I Ching é traduzido como O Livro das Mutações. Isso tem uma explicação. Tudo o que envolve processos de mudança é o alvo principal dos ensinamentos do I Ching. Na filosofia desse livro tão antigo, nada jamais é estático, tudo está em constante movimento (mudança). Na vida, como na natureza, nada permanece imutável. Tudo o que existe está nascendo, crescendo, envelhecendo e se transformando. São os ciclos aos quais todos estamos sujeitos. E por isso mesmo devemos ter, acima de tudo, humildade. Se alguém atingiu o apogeu em algo, precisa saber que depois virá a queda. Faz parte da natureza crescer, atingir o ápice e cair. 
 
Dentro dessa filosofia de constantes mutações, existe o momento certo para agir, a maneira correta de fazê-lo e também em que não deve fazer nada, e sim praticar a não-ação (Wu Wei), que na verdade significa aceitar as situações e circunstâncias como são quando não podemos mudá-las. A famosa resignação e aceitação que traz paz e harmonia. Para descobrir qual o caso em questão, é preciso simplesmente treinar a capacidade de observação.


O caminho sugerido pelo I Ching nem sempre é fácil porque, segundo seus ensinamentos, não há como escapar dos problemas. Devemos suportar nossas cargas e agir de acordo com as nossas responsabilidades. Só, então, chegaremos a um acordo com a vida e com tudo o que ela nos traz. Não há atalhos disponíveis, nem remédios milagrosos ou programas de computadores, que possam nos levar ao caminho verdadeiro. Só depende de nós. É ela que nos levará a compreender o ser humano e identificar o momento de agir ou não agir. Podemos começar praticando com uma única pessoa, nós mesmos. Depois, a influência se estenderá à família, aos amigos, aos colegas de trabalho e pode abarcar toda a sociedade.


O caminho que o I Ching recomenda é o mais apropriado para a pessoa sábia. E a sabedoria se baseia na sintonização com a natureza. Não há propósito em se plantar uma semente de verão durante o inverno. Ela não suportará o frio e não crescerá. Há o tempo certo para todas as coisas. Obviamente, temos livre-arbítrio para plantarmos a semente no momento em que bem entendermos, mas nossa escolha está fadada ao fracasso, diz o I Ching. Nós mesmos é que escrevemos nossa história.




Fonte: I Ching - Desvendando os 64 Hexagramas - Editora Escala. I Ching - O Livro das Mutações - Richard Wilhelm -Prefácio de C. G. Jung - Editora Pensamento. O Despertar para o Tao - Liu I-ming - Editora Pensamento.


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