Deseje, mas sem se prender ao
desejo. Ele não deve nos
escravizar.
Este hexagrama nos fala da diferença entre
a verdadeira liberdade no afastamento e a aparente liberdade na descuidada
indiferença e na arrogante autoconfiança. A imagem do hexagrama é a de uma
superfície espelhada de um lago, que simboliza a verdadeira alegria, a
serenidade que devemos cultivar no dia-a-dia. O menor vinco na testa equivale a
uma ondulação no lago. Se permitimos que ela continue, provocamos um redemoinho
que engole a verdadeira alegria.
O momento em que frequentemente perdemos a
serenidade é quando damos espaço para a dúvida, quando vacilamos, dando ouvidos
às fantasias do ego. O primeiro momento da vacilação é um estado de ânimo
descontente. A seguir, ouvimos nossos inferiores dizendo "nada funciona!".
Assim, a vacilação progride a passos largos sem que percebamos. No estágio
seguinte, estamos tomados pela descrença.
O principal sintoma da
pessoa que se sente descrente ou desesperançada é o empenho em forçar a
felicidade ou o sucesso. Quando essa tática falha, então, ela finge uma falsa
indiferença, que se transforma em desejo de punir aqueles que ela considera
responsáveis pelo seu desapontamento.
O I Ching nos ensina
que a verdadeira alegria ou prazer não são encontrados quando os
perseguimos. O hexagrama aconselha
que fiquemos atentos àquelas épocas em que somos seduzidos pela ideia de que, se
persistirmos, chegaremos à felicidade. Ela virá, sim. Não porque corremos atrás
dela, mas como resultado natural do processo da vida e de nossas escolhas.
O I
Ching diz que devemos ficar abertos e neutros em nossa atitude, sem dar ouvidos
às queixas do ego. Aceitar a vida como ela é pede aceitação de cada novo
momento, sem resistência. Quando adquirimos essa postura, a felicidade
chegou.
(Texto elaborado por - Wu Fang)