Todos nós somos seres em busca do progresso e da verdade, se não conscientes desta busca, com certeza inconscientemente todos buscamos ou vamos buscá-los no futuro.
Fu Hsi - Nome do mítico fundador da civilização Chinesa e o primeiro mestre do I Ching.
Fu Hsi observou e contemplou as imagens no céu e os eventos na terra, através dessa contemplação ele chegou ao significado das Leis Cósmicas que regem todo o Universo.
Quando na mais remota antiguidade Fu Hsi governava a China, ele levantou os olhos e contemplou as imagens no céu, e abaixou os olhos e contemplou os fenômenos na terra. Observou os sinais dos pássaros e dos animais, e sua adaptação às regiões. Ele procedia diretamente a partir de si mesmo, e indiretamente a partir das coisas. Inventou, assim, os oito trigramas, para entrar em contato com as virtudes do Céu e para organizar as condições de todos os seres com as Leis Cósmicas. Baseando nestas Leis, ele uniu o homem à mulher, organizou os cinco Estados de Mutação e traçou os oito Trigramas do I Ching,assim estabeleceu as Leis da humanidade há 7000 anos a.C. na antiga civilização Chinesa.
No princípio não havia ainda nem ordem moral nem ordem social. Os homens conheciam apenas suas mães, não seus pais. Quando famintos, procuravam alimentos; quando saciados, jogavam fora os restos. Devoravam seus alimentos com pele e pelos, bebiam sangue, cobriam-se de couro e de juncos. Chegou então Fu Hsi, com Leis, as Leis Cósmicas, inventou também o hábito de cozer os alimentos, os oito Trigramas do I Ching e também se acredita que os 64 Hexagramas já existiam antes do Rei Wen e seu filho Duque de Chou, tendo sido inventados por este personagem mítico, baseado nos Hexagramas do I Ching, ele traçou cordas e as utilizou em redes e cestas para caça e pesca. Provavelmente inspirou-se para isso no Hexagrama (30) LI- Aderir. Todas as criações da civilização chinesa apareceram como reproduções de imagens ideais arquetípicas. Essas idéias encerram uma verdade superior. Todo invento surge primeiro como imagem na mente do inventor, antes de aparecer como "utensílio", como "objeto acabado". As invenções tomaram forma na mente de seu autor a partir das tendências representadas nos Hexagramas.
A rede é composta de malhas vazias por dentro, cercada de fios por fora. O hexagrama Li, O Aderir (30), representa uma reunião de tais malhas. Além disso, o ideograma significa "aderir" a algo, "ser apanhado por". Por exemplo, no Livro das Odes em vários trechos se diz que o ganso selvagem ou o faisão foram apanhados pela rede (Li).
Quando desapareceu o clã de Fu Hsi, surgiu o clã do
divino agricultor.
Ele cortou um pedaço de madeira para fazer uma relha
de arado, curvou um pedaço de madeira para fazer uma rabiça e ensinou ao mundo
inteiro as vantagens de sulcar a terra com o arado. Provavelmente inspirou-se
para isso no Hexagrama 42 I/ Aumento.
O arado primitivo consistia de uma haste curva em
cuja extremidade se fixava uma madeira pontiaguda para rasgar a terra. A
vantagem desse método sobre a enxada era permitir o emprego da tração animal,
transferindo, assim, uma parte do trabalho para os bois.
O Hexagrama I, o Aumento (42), é composto pelos
Trigramas Sun e Chên, ambos associados à madeira. Sun significa penetração,
Chên significa movimento. Os Trigramas nucleares são Ken e K’un, ambos
associados à terra. Disso surgiu a idéia de construir um instrumento de madeira
que penetrasse o solo e, movendo-se para diante, revolvesse a terra.
Quando o clã do Divino Agricultor se foi, surgiu o
Clã do Imperador Amarelo
Ele trouxe continuidade às modificações, de modo a
que as pessoas não deixassem de progredir. Duque de Chou era divino nas
mudanças que promovia, de acordo com as Leis cósmicas. Quando uma mutação
chegava ao fim, ele modificava. (através da modificação ele alcançou a
continuidade.) Através da continuidade Duque de Chou alcançou a duração.
Por isso: “Ele foi abençoado pelo Céu. Boa fortuna.
Nada que não seja favorável”.
O Imperador Amarelo, Yao e Shun deixaram penduradas
suas roupas de cima e de baixo e o mundo ficou em ordem.
Provavelmente inspiraram-se para isso nos Hexagramas
do Criativo e do Receptivo. O Imperador Amarelo assumiu uma atividade
civilizadora e recebe as benções decorrentes desta atitude. Muitas outras
invenções que beneficiaram a humanidade foram descobertas do Imperador Amarelo.
Rei wên, quando estava aprisionado pelo tirano Chou Hsin, não podia fazer quase
nada; estava impedido de governar. Porém criou os julgamentos do I Ching e deu
à China, posteriormente, uma época de renascimento e sabedoria.
Seu filho Duque de Chou reinou por muitos
anos. A dinastia Chou reinou por 800 anos na China.
O papel do I Ching na transformação e
aperfeiçoamento do ser humano continua sendo de grande importância. O mais
antigo livro Chinês, pela notável influência que vem exercendo, na ciência, na
Psicologia e na literatura do oriente e do Ocidente, influências inegáveis,
como também por sua função como instrumento na exploração do inconsciente
individual e coletivo.
Consultá-lo é consultar as Leis Cósmicas, é entrar
em contato com Mestres Ascensos. Receber as orientações do I Ching e
praticá-las é alinhar nossas vidas a vontade de Deus que quer o nosso progresso
moral, espiritual.Consultar com freqüência o I Ching estará
levando-nos a experimentar a alegria de desenvolver nossa intuição, e ao
fazê-lo, passamos a receber dos Mestres iluminação intuitiva, que
corresponderão exatamente e nos menores detalhes com o Hexagrama pertinente à
nossa situação.
“Nas palavras e atos do passado, jaz oculto um
tesouro que o homem pode utilizar para fortalecer e elevar o seu caráter. O
estudo do passado não deve se limitar a um mero conhecimento da história, mas
deve, através da aplicação desse conhecimento, procurar dar atualidade ao
passado.” Hexagrama (26) – O Poder de Domar do Grande.
Mestre Confúcio e Lao-Tsé, os dois mestres de maior
tradição na China, como filósofos da velha China, não se envergonhavam de
manipular as varetas e consultar o I Ching, o livro das mutações, o arcano mais
profundo de toda a tradição religiosa e filosófica chinesa.
Filósofos ocidentais maravilharam-se com as lições
de sabedoria prática e as infinitas possibilidades que o I Ching abre ao espírito
humano, ávido sempre por arrancar o véu da ilusão da mente humana. Amado Mestre Confúcio foi um ardente seguidor
das leis Cósmicas, tão bem demonstradas no I Ching, através de seus Hexagramas,
utilizou principalmente para meditar sobre seu conteúdo moralizante. Pouco
antes de morrer, o Grande Sábio Chinês afirmou que, se lhe fossem concedidos
cinquenta anos mais, ele os dedicaria inteiramente ao estudo do I Ching, tal
era a profundidade e a riqueza de ensinamentos que lhe atribuía.
Mais recentemente, quem buscou no I Ching inspiração
para soluções de muitos casos difíceis, foi o grande psicólogo e psiquiatra
suíço Carl Gustav Jung.
Escreveu o prólogo da tradução para o inglês da
versão alemã de Richard Wilhelm.
Eis o que diz Jung:
“O I Ching não oferece provas nem resultados; não
faz alarde de si nem é de fácil abordagem. Como se fora uma parte da natureza,
espera até que o descubramos.
Não oferece nem fatos nem poder, mas, para os
amantes do autoconhecimento e da sabedoria – se é que existem – parece ser o
livro indicado.
Para alguns, seu espírito parecerá tão claro como o
dia; para outros, sombrio como o crepúsculo; para outros ainda, escuro como a
noite. Aqueles a quem ele não agradar não têm por que usá-lo, e quem se opuser
a ele não é obrigado a achá-lo verdadeiro.
Deixem-no ir pelo mundo para benefício dos que forem
capazes de discernir sua significação.”
Outro filósofo notável, o grande matemático
Leibnitz, reconheceu nos Hexagramas, um sistema que ele próprio havia
idealizado o sistema numérico binário, ou didático, hoje utilizado pelos
computadores eletrônicos. Mesmo os computadores, maravilha de nossa tecnologia
atual, retiram seu sistema de funcionamento de que Leibnitz imaginara há mais
trezentos anos e que, por sua vez, fora redescobrir nos Hexagramas do I Ching.
Argumentos para se consultar o livro das mutações
existem milhares, porém eu acho que o mais forte é o de buscarmos nele nosso
autoconhecimento e ampliarmos nossa consciência das Leis Cósmicas para melhor
vivermos de acordo com a vontade de Deus.
Fonte: I Ching - O Livro das Mutações - Prefácio de C. G. Jung
Richard Wilhelm Editora: Pensamento.
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