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Hexagrama 63. Chi Chi / Após A Conclusão




A vida não tem último capítulo.
Por isso, não podemos nos descuidar nunca.


Às vezes, somos tomados por determinados questionamentos:
"Será que fomos muito duros com alguém?"
"Será que com meu comportamento afastei as pessoas?"
"Não existirá meio mais fácil de levar a vida?"

São alguns desses questionamentos que podem se transformar numa verdadeira tortura.
Eles são o primeiro sinal de uma certa decadência. Se nos entregamos a esses pensamentos, estamos relaxando a disciplina interna, dando espaço à interferência de detalhes insignificantes. Isso acontece porque, depois de um longo período de perseverança, relaxamos e esquecemos de manter o equilíbrio adequado. Com o relaxamento, deixamos surgirem os questionamentos. Pequenos desejos emergem novamente. Inicialmente inofensivos, eles acabam por tomar conta da nossa mente e destruir nossa independência interior.

Se não resistirmos a pensamentos desestabilizadores cometeremos um grave erro. O I Ching enfatiza que, nas fases em que nos sentimos mais seguros, a paz só será mantida se lembrarmos da possibilidade do perigo. Nessas fases, tendemos a esquecer também que a ajuda do Sábio nos guiou nos momentos difíceis. Começamos a pensar que tudo não passou de um sonho mau, sem causas particulares, e que o acaso o dissipou. Pretensiosamente, chegamos a pensar que nós mesmos resolvemos a situação. Assim, ao perdermos a modéstia, perdemos nossa proteção contra o mal.

O recebimento deste hexagrama indica que devemos voltar à neutralidade e a modéstia.
E o mais importante é evitarmos qualquer tipo de pensamento desestabilizador, capaz de perturbar nosso equilíbrio e independência interior. O desenvolvimento deve caminhar lentamente, em pequenos passos. Enquanto isso, mantemos a reserva, a paciência, sem forçar o avanço da situação.

(Texto elaborado por Wu Fang)


Ao Equilíbrio!


O que devemos oferecer ao I Ching?





Para receber os ensinamentos do Livro das Mutações devemos utilizá-lo com sinceridade, deixando de lado as dúvidas e desconfianças em relação à ele; precisamos estar dispostos a refletir sobre a nossa conduta e a corrigi-la quando necessário.

Por mais humilhante ou desesperadora que seja a sua situação no momento, se agir dessa forma você herdará a boa fortuna que é concedida a todos aqueles que se dispõem a estudar o I Ching e a seguir seu sábios conselhos.

A nacionalidade do intérprete não tem importância. Mesmo porque, somos seres eternos em constante evolução e nascimento no planeta Terra. Estamos sempre reencarnando em vários países. Hoje eu sou brasileira, ontem porém egípcia, chinesa, indiana, francesa etc...

O importante mesmo é estar em contato com o Tao. Nem mesmo o tempo de estudo pode assegurar uma interpretação correta do Tao do I . Buscar um contato maior com a natureza, os animais, purificar os pensamentos, o coração, colocar a verdade acima de qualquer interesse. A simplicidade, a modéstia podem ser o caminho para compreender a mensagem sábia dos mestres do Tao.

Segundo os chineses, compreender o I Ching é uma técnica e também uma arte. Como técnica, deve-se entender os oito trigramas, os 64 hexagramas, as linhas, suas posições, relações e interpretações. Além disso, devem-se conhecer os princípios ocultos das mutações. 

Como arte, deve-se cultivar a intuição, estudando os símbolos para compreender o oráculo.
Um dos melhores caminhos para desenvolver a intuição é a prática da meditação antes da consulta. 


Texto extraído do livro Hua Hu Ching:

Disse o mestre ao príncipe e a todos os seus seguidores: 

"Todos os meus amigos e discípulos deveriam harmonizar a mente com toda a vida e não ter nenhum antagonismo com respeito a qualquer ser vivo, quer tenha nascido do ventre, do ovo, da umidade ou de qualquer outro tipo de transformação; quer seja capaz ou não de pensar; quer tenha forma ou seja informe. Vós deveríeis acabar com toda discriminação individual e absorver todas as coisas na unidade harmoniosa.
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"A virtude do ser muito desenvolvido acolhe todas as pessoas e coisas e dissipa as trevas que os isolam. Conquanto vidas sem conta sejam iluminadas, a que não tem consciência do todo na verdade não ajuda ninguém. Por que é assim? Gentil príncipe, se a pessoa ainda possui os conceitos mentais da divisão do eu e dos outros, do masculino e do feminino, da longevidade e da brevidade, da vida e da morte, e assim por diante, em sucessão ilimitada, a pessoa não possui a consciência que a tudo abarca."

Que possamos iluminar nossas consciências para que a compreensão do texto do sábio livro das mutações não tenha mistério para nós.


Carla Cristina Filizzola.



Hexagrama 62. Hsiao Kuo / Preponderância do Pequeno



Não desconfie nunca do Poder Superior. Ele tem seus próprios métodos.


Este hexagrama fala de atitudes rígidas, nossas ou de outras pessoas. Nelas, predominam sentimentos como raiva, desejo, vingança e obstinação, de modo que somos pressionados a agir. Do ponto de vista do nosso ego, a não-ação (Wu-Wei) (無為) parece muito ineficaz e sem sentido. O recebimento deste hexagrama indica justamente que devemos insistir na não-ação (無為) e bloquear as pressões do ego.

Tais pressões do ego, geralmente, nos fazem ver soluções mágicas para os problemas. Somos impelidos a enxergar uma solução, seja ela qual for, e agir. Esse comportamento, porém, não tem resultado duradouros. A resposta que buscamos só será encontrada quando nos deixarmos conduzir pelo Tao. Não podemos esquecer que sempre existe uma solução oculta para o problema que nos atormenta. Para vê-la, porém, é fundamental estarmos abertos, calmos e desligados.

Confiar no Tao também é imperioso. Cabe-nos fluir ao sabor dos ventos, reagindo espontaneamente a cada situação, sem definir seu significado ou importância. Rótulos e classificações são desnecessárias. Devemos ficar relaxados e abertos, apegados à ajuda do Poder Superior, sem resistir a ela. A resistência bloqueia a chegada da ajuda quando mais precisamos dela.

E se a ajuda demorar a chegar, não devemos desanimar. Talvez a situação ainda não tenha alcançado um desenvolvimento suficiente para que tenha um desfecho de êxito. Em vez de desânimo, devemos cultivar a mente aberta, permitindo que o caminho se revele espontaneamente. Se estivermos receptivos, saberemos reconhecê-lo e captar a mensagem. 
Não avaliar a situação com ansiedade é sinal de modéstia, muito apreciado pelo Poder Superior. Portanto, aceitemos o resultado com resignação, dando o melhor de nós mesmos.

 (Texto de Wu Fang)


Resignação e Wu-Wei (無為)!

Hexagrama 61. Chung Fu / Verdade Interior


Nós sempre sabemos qual o nosso problema. Basta olhar para dentro.


No nosso íntimo, sempre sabemos o que é verdadeiro ou não. Por mais que tentemos escamotear nossos sentimentos para o mundo externo, dentro de nós, sabemos o que se passa. Por isso, este hexagrama diz: "Você sabe qual é o problema e também compreende a verdade da questão."

Para chegar à verdade interior de nossos pensamentos, precisamos ficar receptivos, suspender idéias preconcebidas e não rotular as pessoas. Devemos também rejeitar a idéia de que algo não pode funcionar. Não temos como presumir isso. Chegou o tempo de dar vez ao impossível e ao improvável. Eles podem acontecer, diz o I Ching.

Acreditar nisso é, de certa forma, ficar dependente do Cosmo, permitindo que ele nos guie. O poder da verdade interior acumula-se à medida que conhecemos as Leis Cósmicas. Por exemplo, com o I Ching, aprendemos que não adianta provocar resultados através do conflito. A raiva, por mais justificada que seja, bloqueia a solução correta.

Quando somos firmes na busca da verdade interior, nossa firmeza é compreendida a milhares de distância. Essa verdade pode ser ainda desconhecida por nós, mas não importa. Devemos confiar nela do mesmo jeito, mantendo-nos abertos a percebê-la, a captá-la a qualquer momento. Aí, a solução que buscamos surgirá naturalmente, mesmo que ainda não sejamos capazes de compreender o que está acontecendo.

A verdade interior não pode ser dominada, guardada e usada a nosso bel-prazer. Primeiro, devemos apreendê-la intuitivamente, depois confirmá-la experimentalmente. Assim, o insight se torna conhecimento do coração. Não podemos nem mesmo captar a verdade interior enquanto não estivermos em sintonia com nosso eu mais profundo, com as vibrações que emanam das coisas. Mas, uma vez em contato com ela, podemos usá-la como um recurso inesgotável. Ela sempre nos indicará o caminho certo, em meio a todas as dificuldades.

 (Texto de -Wu Fang)



Hexagrama 60. Chieh / Limitação



Aceitar os seus limites e dos outros é prova de grande Sabedoria.


Este hexagrama nos avisa que os limites são fundamentais para a conquista de nossos objetivos. Nos dias de hoje, cada vez mais, idéias decadentes, que contrariam os ensinamentos do I Ching, nos fazem perder a noção de limites, do que é certo ou errado. 

O conceito de limites tem a ver também com a aceitação do nosso Destino. Devemos eliminar da mente qualquer elemento de resistência ao que temos que passar, necessariamente, pelo processo de aprendizagem. Ao aceitar os limites é sinônimo de não sermos presunçosos nem arrogantes. Não é possível fazermos apenas o que desejamos. É preciso também passar por situações desagradáveis ou fonte de sofrimento. 

As mudanças só são obtidas quando temos um insight sobre a natureza do problema, conseguimos a ajuda do Sábio e acreditamos na verdade interior. As virtudes defendidas pelo I Ching - Paciência, modéstia e simplicidade - não podem ser alcançadas sem uma longa experiência de autolimitação. Devemos ser brandos conosco mesmo. Não adianta tentarmos avançar antes do tempo, evoluir de forma prematura, chegar no objetivo antes do tempo.
Essa ambição de nada adiantará. Por isso, os limites são tão necessários. Somente um esforço gradual, brando, modesto e perseverante nos leva ao progresso.

Chegar à autolimitação, porém, não é nada fácil. No decorrer desse trabalho, nos deparamos com a força de elementos inferiores perturbadores, que estão acostumados a agir de sua própria maneira, levando-nos a ter uma atitude voraz em relação aos fatos que se apresentam na vida. Para controlar esses elementos, devemos fazer como quem ensina uma criança gulosa que o estômago não pode governar a mente. Os resultados podem ser surpreendentes. É preciso, em primeiro lugar, tentar.

Texto elaborado por 
Wu Fang.

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