Quando
recorremos à sabedoria dos tempos, precisamos conscientizar-nos que estaremos
entrando em contato com Mestres da mais alta espiritualidade. Devemos
elevar nossa vibração através da
meditação, mantras e orações, para que
possamos receber
a orientação e preciso humildade e
formular a pergunta de maneira adequada.
Eu
tenho por disciplina meditar aproximadamente 20 minutos decretando, entoando mantras, fazendo orações para
depois formular a pergunta. Quando é para mim aumento o tempo de
meditação para 1
hora no mínimo. Agindo
assim, estaremos eliminando a atuação do
ego, trazendo à luz da consciência o que está no inconsciente e
subconsciente.
Os
Mestres sempre meditavam antes da
consulta, de acordo com a Tradição da escola
Confucionista. Abaixo
transcrevo o prefácio de C.G.Jung, em uma demonstração clara de como interpretar
corretamente a sabedoria milenar do Livro das
Mutações. Este Prefácio faz parte do I Ching - O Livro Das Mutações de Richard Wilhelm.
No I
Ching, o único critério da validade da sincronicidade é
a opinião
do observador de que o texto do Hexagrama
equivale a uma
interpretação fiel de sua condição
psíquica.
Supõe-se que a queda das moedas ou o resultado da divisão
do conjunto de varetas de caule de milefólio é o que
necessariamente deve
ser uma “situação” dada, já que qualquer coisa que
aconteça naquele
momento pertence a ele como parte indispensável do quadro. De acordo com a
antiga Tradição, são “Agentes Espirituais” atuando
de forma misteriosa, que fazem com que as varetas
de Caule
de milefólio ou as moedas dêem uma resposta
significativa. Eles
são Shên, isto é, “semelhantes a um espírito”. “Os céus produziram coisas
semelhantes a um espírito.”
Esses
poderes constituem como que a alma viva do Livro, que
é portanto, uma espécie de ser vivo, e a tradição supõe que se
podem fazer
perguntas ao I CHING e esperar receber respostas
inteligentes. Ocorreu-me, por tanto, que talvez interesse ao leitor não iniciado
ver o I Ching operando. Com esse propósito realizei uma experiência
rigorosamente de acordo com a concepção
Chinesa:
Qual o
julgamento que o I Ching faz sobre sua situação
atual?
Obs:
Sobre minha intenção de apresentá-lo à mente
ocidental. Ainda
que esse procedimento se enquadre perfeitamente nas premissas da filosofia taoístas, para nós ele parece demasiado extravagante. Entretanto, nem mesmo o
insólito dos delírios doentios ou superstições primitivas jamais me chocaram.
Sempre
tentei permanecer livre de preconceitos e curioso-rerum novarum cupidus. Por que
não ousar um diálogo com um livro que se propõe como algo vivo? Não pode haver
mal nenhum nisso, e o leitor poderá observar um procedimento psicológico que tem
sido posto em prática vezes e mais vezes através dos milênios da civilização
Chinesa, representando para homens como Confúcio ou Lao-Tsé tanto a expressão
suprema da autoridade espiritual quanto um enigma filosófico. Utilizei o método
de moedas e a resposta obtida foi o Hexagrama 50 Ting/ O
Caldeirão.
De
acordo com a maneira como foi formulada minha pergunta, deve-se entender o texto
do Hexagrama como se o próprio I Ching fosse a pessoa que fala. Assim, ele
descreve a si próprio como um Caldeirão, isto é, como um recipiente de Ritual
contendo comida preparada. Deve-se entender comida, aqui, como alimento
Espiritual. Wilhelm diz a respeito:
“O
Ting, enquanto um utensílio pertencente a uma civilização refinada, sugere o
cuidado e a alimentação dos homens capazes, o que resulta em benefício da
nação...
Aqui a
cultura atinge sua culminância na religião. O Ting serve para oferenda de
sacrifícios a Deus. Os mais elevados valores terrenos devem ser oferecidos em
sacrifício a Deus... A suprema revelação de Deus encontra-se nos profetas e nos
Santos. Venerá-los é, na verdade, venerar a Deus. Os desígnios de Deus,
manifestados através deles, devem ser aceitos com
humildade”.
Seguindo nossa hipótese, devemos concluir que aqui o I Ching está
testemunhando a respeito de si mesmo.
Quando
alguma das linhas de um Hexagrama dado tem valor de seis ou nove, significa que
são especialmente enfatizadas, e que, por isso, são importantes na
interpretação.
Em meu
Hexagrama os “Agentes Espirituais”
enfatizaram com um nove as linhas na segunda e terceira posições. Diz o
texto:
Nove na
segunda posição significa:
Há
alimento no Ting.
Meus
companheiros têm inveja,
Mas
nada podem contra mim.
Boa
fortuna.
Assim,
o I Ching diz de si mesmo: “Eu contenho alimento (espiritual)”. Como a
participação em algo grande sempre desperta inveja, o coro dos invejosos é parte
da cena. Os invejosos querem despojar o I Ching daquilo que ele possui de
grandioso, isto é, procuram roubar ou destruir o seu significado. Mas essa
hostilidade é em vão.
Sua riqueza de significado está assegurada, isto é, o I Ching
está seguro de suas positivas conquistas, as quais ninguém lhe pode
tirar. O texto
continua:
Nove na
terceira posição significa:
A alça
do Ting está alterada.
Ele á
impedido em suas atitudes.
A
comida do faisão não é comida.
Quando
a chuva cair, o remorso desaparecerá.
A boa
fortuna virá ao final.
O I
Ching assim, “ele á impedido em suas atitudes”. Já não somos mais amparados pelo
Sábio conselho e pela profunda visão intuitiva do Oráculo; por isso, não mais
encontramos nosso caminho através das complexidades do destino e da escuridão de
nossa própria natureza. Já não mais se come a gordura do faisão, isto é, a
melhor e mais rica parte de um bom prato. Mas quando, finalmente, a terra
sequiosa novamente receber a chuva, isto é, quando esse estado de carência for
superado, o “remorso”, isto é, a tristeza pela perda da Sabedoria tiver cessado,
virá a tão esperada oportunidade. Wilhelm
comenta:
“Isto
descreve alguém que, em meio a uma cultura muito desenvolvida, encontra-se numa
posição em que não é notado nem reconhecido. Isso é um grande obstáculo à sua
atuação”. O I Ching parece estar lamentando que suas excelentes qualidades não
sejam reconhecidas e, portanto permanecem inexploradas. Conforta-se com a
esperança de recuperar, em breve, o
reconhecimento.
A
resposta dada, nessas duas linhas de destaque, à pergunta que formulei ao I
Ching não requer nenhuma sutileza especial de interpretação, nenhum artifício,
nenhum conhecimento incomum. Qualquer pessoa com um pouco de bom senso pode
compreender o significado da resposta; é a resposta de alguém que tem uma boa
opinião sobre si próprio, mas cujo valor não é pela maioria reconhecido, nem
sequer amplamente conhecido. Quem responde tem uma noção interessante sobre si
mesmo: se vê como um recipiente no qual as oferendas ao sacrifício são trazidas
aos Deuses, a comida do ritual destinada à sua alimentação. Concebe a si próprio
como um utensílio de culto destinado a prover o alimento espiritual para os
elementos ou forças inconscientes (“agentes espirituais”) que foram projetados
como Deuses – em outras palavras, para dar a essas forças a atenção que elas
necessitam para desempenhar seu papel na vida do
indivíduo.
Na
realidade, esse é o significado original da palavra “religio” – uma cuidadosa
observação e consideração (de “relegere”) do
luminoso.
O
método do I Ching leva realmente em consideração a oculta qualidade individual
existente nas coisas e nos homens e também no nosso próprio inconsciente.
Interroguei o I Ching como fazemos com alguém a quem estamos prestes a
apresentar a nossos amigos: Perguntamos se isso seria ou não agradável a ele. O
I Ching, como resposta, fala de seu significado religioso, do fato de ser
desconhecido e mal interpretado na atualidade, e sua esperança de voltar a
ocupar um lugar de honra – essa última parte obviamente como uma direta menção
ao meu prefácio. (Jung esclarece que fez
essa consulta ao I Ching antes de escrever o prefácio) ainda não redigido e
sobretudo à tradução para o inglês. Essa parece ser uma reação perfeitamente
compreensível, tal como se poderia esperar de uma pessoa numa situação
similar.
O resto
da interpretação é muito longa e pode ser lida na pagina 20, 21, 22,
23,
24, 25,
26 do I CHING - Livro das Mutações- de
Richard Wilhelm com prefácio de Jung.
Outras
perguntas que podem ser feitas constantemente
são:
Eu
estou em contato com o TAO?
Ou
-------------(nome da pessoa) está em contato com o
TAO?
Qual o
julgamento que o I Ching faz de quem é -------------- (nome da
pessoa)?
Qual o
julgamento que o I Ching faz de como está a vida de ---------(nome da
pessoa)?
O que
há de errado com ---------(nome da
pessoa)?
Como
----------(nome da pessoa) deve agir para resolver o problema que
está
enfrentando?
Qual o
julgamento que o I Ching faz da conduta de ------------(nome da
pessoa)?
------------(nome da pessoa) está seguindo o caminho do Homem
Superior?
A
formulação da pergunta tem papel decisivo no êxito ou fracasso da consulta (no
sentido da compreensão ou não da resposta obtida). O Oráculo, segundo a tradição
Chinesa, nunca falha. Suas respostas são sempre claras e precisas; porém o nosso
entendimento é muitas vezes, turvo e confuso. Por isso a importância da
meditação antes de consultar o livro.
A
primeira grande dificuldade que enfrentamos é saber com clareza e precisão o que
buscamos. Só quem sabe o que procura pode encontrar. Na formulação da pergunta,
explicamos para nós mesmos o que estamos
buscando.
O
incenso era usado durante a consulta pelos Mestres Chineses, como elemento
purificador, por representar a perseverança, pela constância com que
queima. Eu
utilizo o uso das moedas chinesas de bronze e sempre antes da primeira pergunta,
passo as moedas três vezes pela fumaça do incenso, em movimentos circulares, no
sentido horário.
No
final da consulta agradeço a presença dos
Mestres.
Luz e Sabedoria em nosso caminho!
Carla Cristina Filizzola.
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