.

.

Visualizações de páginas

Hexagrama 62. Hsiao Kuo / Preponderância do Pequeno



Não desconfie nunca do Poder Superior. Ele tem seus próprios métodos.


Este hexagrama fala de atitudes rígidas, nossas ou de outras pessoas. Nelas, predominam sentimentos como raiva, desejo, vingança e obstinação, de modo que somos pressionados a agir. Do ponto de vista do nosso ego, a não-ação (Wu-Wei) (無為) parece muito ineficaz e sem sentido. O recebimento deste hexagrama indica justamente que devemos insistir na não-ação (無為) e bloquear as pressões do ego.

Tais pressões do ego, geralmente, nos fazem ver soluções mágicas para os problemas. Somos impelidos a enxergar uma solução, seja ela qual for, e agir. Esse comportamento, porém, não tem resultado duradouros. A resposta que buscamos só será encontrada quando nos deixarmos conduzir pelo Tao. Não podemos esquecer que sempre existe uma solução oculta para o problema que nos atormenta. Para vê-la, porém, é fundamental estarmos abertos, calmos e desligados.

Confiar no Tao também é imperioso. Cabe-nos fluir ao sabor dos ventos, reagindo espontaneamente a cada situação, sem definir seu significado ou importância. Rótulos e classificações são desnecessárias. Devemos ficar relaxados e abertos, apegados à ajuda do Poder Superior, sem resistir a ela. A resistência bloqueia a chegada da ajuda quando mais precisamos dela.

E se a ajuda demorar a chegar, não devemos desanimar. Talvez a situação ainda não tenha alcançado um desenvolvimento suficiente para que tenha um desfecho de êxito. Em vez de desânimo, devemos cultivar a mente aberta, permitindo que o caminho se revele espontaneamente. Se estivermos receptivos, saberemos reconhecê-lo e captar a mensagem. 
Não avaliar a situação com ansiedade é sinal de modéstia, muito apreciado pelo Poder Superior. Portanto, aceitemos o resultado com resignação, dando o melhor de nós mesmos.

 (Texto de Wu Fang)


Resignação e Wu-Wei (無為)!

Hexagrama 61. Chung Fu / Verdade Interior


Nós sempre sabemos qual o nosso problema. Basta olhar para dentro.


No nosso íntimo, sempre sabemos o que é verdadeiro ou não. Por mais que tentemos escamotear nossos sentimentos para o mundo externo, dentro de nós, sabemos o que se passa. Por isso, este hexagrama diz: "Você sabe qual é o problema e também compreende a verdade da questão."

Para chegar à verdade interior de nossos pensamentos, precisamos ficar receptivos, suspender idéias preconcebidas e não rotular as pessoas. Devemos também rejeitar a idéia de que algo não pode funcionar. Não temos como presumir isso. Chegou o tempo de dar vez ao impossível e ao improvável. Eles podem acontecer, diz o I Ching.

Acreditar nisso é, de certa forma, ficar dependente do Cosmo, permitindo que ele nos guie. O poder da verdade interior acumula-se à medida que conhecemos as Leis Cósmicas. Por exemplo, com o I Ching, aprendemos que não adianta provocar resultados através do conflito. A raiva, por mais justificada que seja, bloqueia a solução correta.

Quando somos firmes na busca da verdade interior, nossa firmeza é compreendida a milhares de distância. Essa verdade pode ser ainda desconhecida por nós, mas não importa. Devemos confiar nela do mesmo jeito, mantendo-nos abertos a percebê-la, a captá-la a qualquer momento. Aí, a solução que buscamos surgirá naturalmente, mesmo que ainda não sejamos capazes de compreender o que está acontecendo.

A verdade interior não pode ser dominada, guardada e usada a nosso bel-prazer. Primeiro, devemos apreendê-la intuitivamente, depois confirmá-la experimentalmente. Assim, o insight se torna conhecimento do coração. Não podemos nem mesmo captar a verdade interior enquanto não estivermos em sintonia com nosso eu mais profundo, com as vibrações que emanam das coisas. Mas, uma vez em contato com ela, podemos usá-la como um recurso inesgotável. Ela sempre nos indicará o caminho certo, em meio a todas as dificuldades.

 (Texto de -Wu Fang)



Hexagrama 60. Chieh / Limitação



Aceitar os seus limites e dos outros é prova de grande Sabedoria.


Este hexagrama nos avisa que os limites são fundamentais para a conquista de nossos objetivos. Nos dias de hoje, cada vez mais, idéias decadentes, que contrariam os ensinamentos do I Ching, nos fazem perder a noção de limites, do que é certo ou errado. 

O conceito de limites tem a ver também com a aceitação do nosso Destino. Devemos eliminar da mente qualquer elemento de resistência ao que temos que passar, necessariamente, pelo processo de aprendizagem. Ao aceitar os limites é sinônimo de não sermos presunçosos nem arrogantes. Não é possível fazermos apenas o que desejamos. É preciso também passar por situações desagradáveis ou fonte de sofrimento. 

As mudanças só são obtidas quando temos um insight sobre a natureza do problema, conseguimos a ajuda do Sábio e acreditamos na verdade interior. As virtudes defendidas pelo I Ching - Paciência, modéstia e simplicidade - não podem ser alcançadas sem uma longa experiência de autolimitação. Devemos ser brandos conosco mesmo. Não adianta tentarmos avançar antes do tempo, evoluir de forma prematura, chegar no objetivo antes do tempo.
Essa ambição de nada adiantará. Por isso, os limites são tão necessários. Somente um esforço gradual, brando, modesto e perseverante nos leva ao progresso.

Chegar à autolimitação, porém, não é nada fácil. No decorrer desse trabalho, nos deparamos com a força de elementos inferiores perturbadores, que estão acostumados a agir de sua própria maneira, levando-nos a ter uma atitude voraz em relação aos fatos que se apresentam na vida. Para controlar esses elementos, devemos fazer como quem ensina uma criança gulosa que o estômago não pode governar a mente. Os resultados podem ser surpreendentes. É preciso, em primeiro lugar, tentar.

Texto elaborado por 
Wu Fang.

Arquivo do blog

Pesquisar neste blog