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Hexagrama 23. PO / Desintegração

Apenas seja. Passe a vida toda tentando ser.
Já terá feito muito.


O hexagrama nos avisa que o medo e a dúvida já nos fizeram sair do nosso caminho ou estamos prestes a fazê-lo. A maior dúvida, aquela que nos atormenta a alma, é se conseguiremos alcançar nosso objetivo seguindo o caminho da docilidade e da não-ação. Tememos que, se simplesmente deixarmos o barco correr, nunca chegaremos ao alvo desejado. Por isso, relutamos tanto em deixar que o rio siga o seu curso, sem a nossa interferência. Mas ao adotar essa atitude estamos no caminho da desintegração.

Precisamos acreditar que receberemos a ajuda necessária. Ao duvidarmos disso, nos afastamos automaticamente do Poder Superior que, então, nos deixa entregues à própria sorte. Mas se seguirmos o fluxo da corrente, o Criativo (o Tao) trabalhará a nosso favor.

A desintegração também pode se referir a época em que perdemos a percepção e abandonamos nossas responsabilidades. O abandono ocorre quando abandonamos pessoas sem demonstrar gentileza, ou por considerá-las incorrigíveis ou por não acreditarmos que elas possam se relacionar corretamente conosco.

O hexagrama também pode ser recebido quando retornamos ao caminho correto depois de tê-lo abandonado durante um período. Ele pode referir-se a outras pessoas saindo do seu caminho. Seja qual for o caso, a única coisa a fazer é seguir nosso rumo, com docilidade e simplicidade, e sem temer as adversidades. É preciso saber que, muitas vezes, o único meio que temos para crescer e corrigir atitudes erradas é enfrentando dificuldades.
É claro que, dentro do possível, a adversidade deve ser evitada. Ninguém gosta de sofrer e viver agruras. Mas, se ela ocorrer, deve ser encarada com moderação, extraíndo-se dela cada lição que tem a nos oferecer. Assim, evitamos que as lições tenham que ser repetidas mais tarde.

Receber este hexagrama significa que devemos buscar superioridade para enfrentar as situações difíceis, porque elas no momento serão inevitáveis. É um momento de colheita e preparação do solo, para mais tarde, colhermos frutos melhores. Os Trigramas oferecem a atitude correta que devemos assumir para atravessarmos este hexagrama com sabedoria.

Kên sobre K'un - A Quietude, Montanha sobre O Receptivo, Terra.
Kên - Montanha 

Este Trigrama tem uma linha forte e inteira em cima e duas linhas partidas e passivas embaixo. Sua forma gráfica, com a linha forte Yang em cima, dá a idéias de algo barrando a mobilidade das linhas Yin. Daí surge a imagem da montanha. É o filho mais moço da Terra com o Céu, o oposto do seu irmão mais velho, o Trovão. Suas características cósmicas são também inversas às do Trovão: lá tudo nasce, tudo começa, e aqui tudo morre, tudo termina.

Vida é movimento. Quando algo se cristaliza e imobiliza, como acontece com uma montanha, tende a fenecer. No entanto, a nível espiritual, Kên tem características positivas, como repouso e o aquietar dos pensamentos da vida material para uma maior vivência das realidades transcendentes. Nesse sentido, Kên é também o começo de um novo nível de consciência.

Um outro aspecto interessante de Kên é o seu poder acumulador.
A montanha é uma barreira onde as nuvens interrompem seu movimento e se acumulam até causar a chuva. Isso equivale a um gerador acumulativo de energias que, ao interagir com outras forças, imobiliza-as gerando uma maximização do seu potencial. Por esse motivo, os sábios e iluminados do oriente buscavam as montanhas para o exercício da meditação.

Na vida humana, a montanha simboliza aquilo que freia, que retém para uma reflexão maior. Todas as vezes que estamos "impedidos" é a força de Kên que está agindo. Tudo o que está temporariamente imobilizado é Kên.

No nosso corpo, Kên representa as mãos pelo seu poder de agarrar, prender e reter os objetos. No ciclo da maturação, Kên é o fim e o começo, a aurora que finaliza o repouso, que inicia uma nova etapa, um novo dia. A vida aqui termina, mas essa morte é apenas uma passagem para uma nova forma de existência.


K'un - Terra
Trigrama composto por três linhas abertas ao centro, carregado de energia negativa (sem o juízo de valor que a palavra possui no ocidente). O vazio ao centro dessas linhas significa a passagem livre da energia, seu poder de receber e de doar. No plano cósmico, simboliza a capacidade de nutrir, de partejar, de dar forma às ideações do trigrama Ch'ien.

K'un realiza o que a vontade criadora do universo decide; ele é a forma.
No plano visível, é a Terra que sustenta e nutre todos os seres vivos, a mulher, a mãe. Das estações do ano, é o inverno onde a natureza repousa e se nutre. No mundo dos animais, K'un é representado pela égua, por causa da sua obediência, e pela vaca, por causa da sua docilidade.

No mundo dos homens, K'un é, primeiramente, representado pela mulher que tem a capacidade de receber o homem e gerar filhos. Representa a maternidade e a fertilidade, a mãe. Aqui, é bom lembrar que os atributos de K'un não são exclusivos da mulher, do sexo feminino, referindo-se, na realidade, aos aspectos psíquicos com qualidades Yin, que tanto podem pertencer ao homem quanto à mulher. Daí, todos os sentidos de nutrir, proteger, dar forma e abrigar passam a ser características de K'un.

A parte do nosso corpo que representa K'un é o ventre que gera filhos ou metaboliza a energia que alimenta o nosso corpo. K'un representa, no ciclo de maturação, o complemento da obra, sua materialização.

Luz e Sabedoria!

Hexagrama 22. PI / Graciosidade (Beleza)


A Beleza é uma dádiva, desde que não nos vangloriemos dela.


Graciosidade pode se referir a ornamentos falsos ou verdadeiros. Os falsos têm a ver com um comportamento presunçoso. Os verdadeiros são a posse de uma mente aberta, de humildade e simplicidade. Tudo o que diga respeito a uma falsa imagem, à tentativa de se mostrar uma aparência que não condiz com a realidade, pode ser chamada de um ornamento falso.
A tendência a "vender" uma imagem arrogante de si mesmo e uma inteligência ferina também são ornamentos falsos.


A imagem falsa que criamos de nós mesmos é um falso eu, fruto dos mecanismos de defesa que usamos no dia-a-dia para mostrar superioridade e não sermos vítimas de desprezo ou pena. Quem se preocupa tanto com a forma como é visto pelos outros está fazendo o oposto do que I Ching prega. O I Ching nos diz que somente através da verdade interior é que alcançamos resultados.


Querer dar um "polimento" na auto-imagem equivale a buscar falsas soluções para os problemas. Tem a ver também com uma maneira rígida de encarar os problemas e as situações. Às vezes, fixamo-nos em idéias e conceitos preconcebidos e não nos permitimos mudar de posição. Uma situação que consideremos desastrosa na nossa vida, do ponto-de-vista Cósmico, pode ser a única forma de fazer tudo funcionar corretamente. Só mais tarde nossa percepção captará isso.


A verdadeira graciosidade, porém, nada tem a ver com isso. Ela renuncia a todos os mecanismos de defesa e aos jogos de aparência, detendo-se apenas no autoconhecimento. Para tal, investe no relacionamento com o Tao, permitindo que as coisas aconteçam sem interferências ou manipulação. Deixamos de nos empenhar para que as coisas aconteçam desta ou daquela forma, assim como abandonamos a busca pelos adornos falsos.

Recebemos este hexagrama quando planejamos fazer algo, em vez de esperar pacientemente pelo acaso. O Hexagrama nos chama de volta à simplicidade, dizendo-nos que o planejamento e as maquinações bloqueiam a ajuda do Sábio.


Texto elaborado por: Wu Fang


Hexagrama 21. Shih Ho / Morder


Abra a boca e devore o que puder, mas sem cair na voracidade. Tente!

Este hexagrama diz respeito a como chegarmos à verdade da questão, mas mostra que há algo impedindo o acesso ao alimento. Neste caso, alimento refere-se a alcançar a harmonia com outra pessoa, com a verdade ou com o Sábio. Esta unidade ou harmonia é um alimento vital para nós como seres humanos.

As pessoas se confundem em relação à verdade porque, existem idéias difamadoras, entre elas as falsas idéias sobre Deus, a natureza ou o funcionamento do Cosmo (das Leis Universais). Mas ao descobrirmos que algo não é verdadeiro, ou que é simplesmente um erro, somos compelidos a "mordê-lo", a eliminar o que está obstruindo nossa harmonia.

A percepção de que uma coisa é certa ou errada se transfere automática e inconscientemente para as outras pessoas. Não precisamos fazer nenhum esforço consciente para que isso aconteça. Ao reconhecermos algo errado, a primeira pergunta é: "O que faremos a respeito?". Ao identificarmos o elemento ruim, devemos simplesmente entregá-lo ao Cosmo (As Leis Universais) para que o resolva e corrija. Depois, recuamos e não pensamos mais nisso. A entrega do assunto ao Cosmo (As Leis Universais) ativa o poder da verdade.

O hexagrama mostra que devemos ser enérgicos na hora de eliminar o que está obstruindo nosso caminho até a harmonia. É preciso uma grande energia para a retirada dos obstáculos. Perdoar significa que compreendemos como as pessoas são motivadas a agir mal. É compreender que o medo e a dúvida têm um grande poder sobre as pessoas. Mas erramos ao pensar que perdoar equivale a esquecer.

Para o I Ching, não devemos esquecer, assim como não esquecemos as lições de História. Caso contrário, seríamos arrogantes e complacentes. As pessoas continuarão vulneráveis a seus medos e maus hábitos até adquirirem o insight que as levará à disciplina. Devemos estar conscientes de que a pessoa em questão ainda não se corrigiu e que é preciso darmos o espaço e o tempo necessários para que ela encontre o seu caminho.  

Texto elaborado por: Wu Fang


Ao equilíbrio!

Hexagrama 20. Kuan / Contemplação (A Vista)


Os pensamentos comandam toda a nossa vida.
                                                            Por isso, cuidado com eles.


Este hexagrama nos diz que, através da contemplação, podemos alcançar a verdade interior. Recebê-lo significa que devemos pedir ajuda ao Sábio para penetrarmos na essência do assunto. Quando nos desligamos de uma determinada situação ou problema, nossa compreensão é capaz de alcançar o nível cósmico, no qual a nossa perspectiva se baseia nos princípios da justiça universal e não nas nossas vaidades ou medos. Esse desligamento pode ser obtido através da meditação ou da contemplação.

Quando conseguimos adquirir essa nova perspectiva, desaparecem as ambigüidades. Na vida cotidiana, amor e ódio, antipatia e simpatia, justiça e injustiça estão juntos de forma inseparável. No nível cósmico, porém, as dualidades se extinguem. Quando a perspectiva do Sábio vem até nós através da contemplação, experimentamos um julgamento que nada tem a ver com juízo; a paciência, tolerância e compreensão substituem pequenas simpatias e antipatias.

Devemos procurar as idéias que geram obstáculos e livrarmo-nos delas.

Ao observar as pessoas, não devemos nos deter no que há de errado nelas, mas perceber que o crescimento implica em erros e enganos. Também não podemos esquecer que o processo de crescimento requer que as coisas se expandam inteiramente, antes que possam contrair-se. Uma pessoa que segue uma estrada sem saída só pode desistir dela quando enxergar claramente para onde vai. Muitas vezes, isso significa que a estrada tem de ser seguida até o final.

Ao recordarmos nossos erros e ilusões também somos capazes de manter a modéstia e uma percepção moderada em relação aos erros dos outros. E só conseguiremos influenciar os outros se mantivermos nossa independência interior. Quanto mais consistente for a nossa pureza interior e beleza espiritual, maior será nossa influência para atingir o bem.

Serenidade e Equilíbrio!

Hexagrama 19. LIN / Aproximação

Tempos melhores virão, mas isso não autoriza ninguém a se descuidar.


Quando desenvolvemos uma atitude equilibrada, sincera e perceptiva, ganhamos a ajuda do Sábio. Em decorrência disso, a situação melhora e as tensões se dissipam. Juntamente com essa boa notícia, o hexagrama avisa que devemos nos proteger contra uma atitude descuidada e autodestrutiva. Se a tensão diminui, corremos o risco de voltarmos à arrogante autoconfiança de antes e esquecermos que as causas de nossa boa sorte foram a simplicidade e a humildade.

Não devemos jamais imaginar que, uma vez que o Sábio nos ajude, ele estará sempre disponível. À medida que formos nos descuidando, que nos tornarmos mais tolerantes com os nossos elementos inferiores, perdemos a disciplina. E ao perdermos nosso senso de limites, perdemos também a ajuda do Sábio. Voltados para nós mesmos, permitimos que o ego reassuma a liderança e, então, retornamos ao velho hábito de manipular as situações e nos intrometemos na vida dos outros. Para evitar essa recaída, é fundamental cultivar a disciplina mesmo durante as épocas boas.

Este hexagrama sugere também que devemos seguir em frente, no que se refere a uma atitude em que permanecemos emocionalmente desligados e interiormente independentes. Se os tempos melhoraram, isso não significa que devemos afrouxar a disciplina ou nos entregarmos à indulgência. Devemos aproveitar o momento bom, mas sem nos perdermos nele. Seguir em frente significa não esquecer a modéstia e continuar perseguindo o progresso. Uma vez que não nos entreguemos aos altos e baixos das atitudes emocionais, mantemos a firmeza interior que caracteriza o Sábio. Os bons tempos não devem gerar em nós entusiasmos e esperança. Caso contrário, perderemos o equilíbrio interior. Só progredimos quando mantemos uma atitude firme e correta. Da mesma forma, se os tempos piorarem novamente, não devemos cair no desespero. Devemos permanecer equilibrados em nosso interior.

Texto elaborado por: Wu Fang

Sabedoria, paz e amor!

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