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Hexagrama 34. Ta Chuang / O Poder Do Grande

                          
                                Não há maior poder do que o conhecimento, sobre nós e os outros.


Neste hexagrama, existem dois significados a serem considerados.
O primeiro se refere ao poder que surge ao percebermos a maneira correta de prosseguir.
O segundo tem a ver com o poder roubado, assumido ou interceptado.

O I Ching ressalta que, sempre que percebemos a forma correta de prosseguir, não devemos ficar confusos, sem saber como avançar. Caso contrário, estaremos dando de bandeja uma oportunidade para o ego assumir o controle da situação. O ego é como um jogador de futebol incansável, que está sempre à procura de uma Change de agarrar a bola. Para impedir que o ego se intrometa, não devemos ficar demasiadamente absorvidos pelo que fazemos. Quando isso acontece, perdemos o contato conosco, com o nosso eu interior. E aí perdemos também o poder do insight.

O hexagrama nos adverte justamente contra esse perigo. Devemos resistir a falas do tipo: "Eu deveria fazer alguma coisa sobre isso", "Eu tenho a resposta" ou "Agora podemos fazer alguma coisa". Essas frases são típicas do ego, que adora interferir na direção natural dos acontecimentos.

O hexagrama nos avisa também para evitar o abuso do poder. Impelir as pessoas para adiante, pressioná-las, manipulá-las e lisonjeá-las é uma forma de abusarmos do nosso poder, assim como dizer coisas quando estamos com raiva ou nos afastarmos simplesmente por achar que alguém é incorrigível. Coisas ditas em momentos de fúria deixam marcas que podem durar anos e funcionam como uma bomba atômica de efeitos duradouros. Por isso, é preciso pensar duas vezes antes de expor o que sentimos num determinado momento. O uso incorreto do poder gera reações ruins, que podem até ser desfeitas se retornamos à sinceridade e humildade de antes. O melhor a fazer, quando percebemos que incorremos nesses erros, é nos retirarmos, voltarmos à postura de neutralidade.

(Texto elaborado por - Wu Fang)

Ao Equilíbrio!

Hexagrama 33. Tun / A Retirada


Por maior que seja o mistério, nada merece ser alçado ao posto de Esfinge.


Este hexagrama nos remete à possibilidade de ficarmos seduzidos por uma situação ou pessoa e nos dedicarmos, de forma até obsessiva, a desvendá-la. Por algum motivo, o ego foi despertado, fazendo com que nossa vaidade se dedique a decifrar algo que não conseguimos compreender de imediato. Essa situação, porém, não nos trará benefícios e o I Ching recomenda a retirada, ou seja, devemos nos desligar, eliminar essa situação ou pessoa de nossa mente.

A retirada é fundamental para que não fiquemos ainda mais envolvidos do que já estamos.
Se nos retirarmos (desengajarmos) a tempo, não sofreremos remorso nem as seqüelas de tal comportamento. Mas se nosso desejo ou medo forem despertados com muita força, ficamos presos numa armadilha. O ego assume o controle da situação, levando-nos prosseguir no comportamento inadequado. Os resultados são transtornos, humilhação e arrependimento.

O momento correto da retirada é quando começamos a perder o equilíbrio e a serenidade interior. Ou também quando os outros deixarem de ser receptivos a nós. Se tivermos humildade suficiente, porém, conseguiremos identificar tais fases, não com desapontamento, mas compreendendo que as pessoas reagem a nós como numa espécie de onda: ora são receptivas, depois nos afastam. A ambiguidade está presente o tempo todo.

A retirada também é necessária quando somos tomados pelo entusiasmo, seja porque houve uma melhora significativa na nossa situação ou porque surgiram novas oportunidades de influenciarmos os outros. Em todos os momentos de retirada, entretanto, é fundamental que não deixemos a vaidade do ego assumir o controle. Caso contrário, ele vai querer "resolver a situação". E essa atitude acaba bloqueando o fluir dos acontecimentos. Mas, se conseguirmos nos retirar no momento certo, o bloqueio é quebrado e novas oportunidades surgem.

(Texto de Wu Fang).

Que a sabedoria faça parte de nossas atitudes!


Hexagrama 32. Heng / Duração

                                                      

                                 Não mude de direção.
                       Siga o fluxo dos acontecimentos como a corrente do rio.

Prossiga em frente, como antes, sem vacilar nem mudar de direção. Este hexagrama significa suportar e, ao mesmo tempo, não se alterar. Aqui está embutido o princípio do I Ching segundo o qual a vida é um "prosseguir". Ao prosseguirmos, mantemos uma atitude neutra, deixamos de olhar para trás, para os lados ou mais para adiante. Ficamos com a vista presa no que está diretamente à nossa frente, preocupados somente com que é correto e essencial.

Recebemos este hexagrama quando nos perguntamos qual a atitude mental correta. As condições mudaram e queremos saber se temos que ser mais francos ou retraídos. Devemos ser mais relaxados ou precavidos? O hexagrama nos aconselha a prosseguir, como se nada tivesse mudado.

Em geral, esperamos que a mudança seja para melhor e tememos que seja para pior. Se ficarmos envolvidos na espera e no temor, o ego acaba se insinuando, dizendo-nos para fazer algo, bloquear ou mexer no que está acontecendo. Interferir, porém, de nada adianta. Quanto mais tentarmos fazer isso, pior para nós. Se vimos uma situação melhorar, devemos considerar as melhoras como um dos muitos passos que devem ser dados na direção correta. Não podemos ficar esperançados ou entusiasmados. Se, ao contrário, a situação piora, devemos lembrar a nós mesmos que as regressões são inevitáveis.

A situação só se tornará irreversível se nos fixarmos nela como sendo algo ruim. Mas, se soubermos nos relacionar adequadamente com as mudanças, cada escorregão será menor do que o último e a direção geral será para uma melhora.

As melhoras, no entanto, não devem ativar nosso orgulho nem nos fazer esquecer a independência interior. O rumo certo é seguir em frente sem nós impressionarmos com as mudanças nem com os benefícios decorrentes delas. Não devemos mudar nosso modo de relacionamento por causa de alterações na nossa vida.

Texto elaborado por Wu Fang.
Ao equilíbrio!

Hexagrama 31. Hsien / Influências Mútuas

Surge uma influência. Boa fortuna para aqueles cujos corações são corretos.
















Forças externas podem ser poderosas, mas não superiores a nós.


Este hexagrama nos avisa de que fortes influências exercidas por uma personalidade igualmente forte estão em andamento, sem que nos demos conta disso. Uma vez que a atitude silenciosa e firme atrai, o hexagrama diz respeito ao amor entre os sexos. Não envolve necessariamente sedução.

Um exemplo é o Sábio, cuja influência encoraja as pessoas a se aproximarem dele. Um segundo significado do hexagrama pode ter a ver com a influência sobre os demais. Antes de podemos influenciar os outros, porém, temos que ser receptivos à ajuda do Sábio.

As suas sugestões podem ser feitas silenciosamente. Por isso, é necessário manter o ouvido interior sintonizado, como se estivéssemos aguardando instruções do Universo.

Equilibrados e atentos, de maneira automática, sem esforço ou intenção, recebemos e transmitimos boas influências aos outros. Ao contrário, sentimentos como ansiedade e impaciência, além de bloquearem nosso canal de comunicação com o Cosmo, transmite nossa dependência e fraqueza aos outros. Um eu interior fraco, que vacila entre a esperança e o medo, entre o acreditar e o não acreditar, é imediatamente captado pelos demais.

Freqüentemente, receber este hexagrama significa que é iminente o surgimento de uma "influência" que nos desafiará a apegar-nos à maneira correta de influenciar os outros.

Somos aconselhados a fiscalizar os sentimentos interiores e manter a independência, não reagindo a elementos que estimulem o desejo, o medo ou a raiva. Se nossa energia permanecer neutra, então, tudo o que é estranho afasta-se, assim como aqueles que tentam se impor a nós, levados por motivos pessoais e egoístas.

Texto de - Wu Fang -

Hexagrama 30. LI / Aderir (Fogo)


                                          LI sobre LI - Fogo sobre Fogo

A Imagem:

O Sol difunde sua luz e ilumina todo o mundo natural. A Luz prende-se aos objetos e torna-os brilhantes. Da mesma forma, as pessoas grandes iluminam todos os que estão em volta delas, penetrando na verdadeira natureza do homem.
Tente ver além das chamas do fogo
E da fumaça das nuvens.

Este Hexagrama diz respeito ao desengajamento. Ao não nos engajarmos nas situações, obtemos a clareza necessária para enxergar a verdade. A imagem do fogo aderindo a algo para queima-lo simboliza a atitude necessária, se quisermos manter a clareza mental.
Quando existe a ameaça da dúvida, devemos aderir ao que já aprendemos e confiar no Poder da Verdade. Nos momentos de hesitação, chegamos a duvidar de nós mesmos, da nossa capacidade, de tudo o que aprendemos e da ajuda do Sábio. Mas justamente nesses momentos precisamos perseverar. Se os eventos e as pessoas parecem ruins, temos que lembrar do potencial para o bem que ainda possuem.

O Hexagrama nos diz ainda que precisamos manter a mente aberta. Por mais impossível que nos pareça a melhora de uma determinada situação, ela pode acontecer se estivermos firmes e independentes na nossa atitude. Ou seja, abertos a qualquer possibilidade, sem tirar conclusões antecipadas. Afinal, o curso dos acontecimentos é imprevisível e, muitas vezes, em ziguezague.
Essa atitude de aceitação requer um alto grau de docilidade. Devemos abdicar de toda resistência ao que está acontecendo e não rejeitar a situação. Aceitar cada virada e reviravolta, por mais que causem dissabores e frustrações, simplesmente porque elas serão úteis ao nosso progresso. Aderindo docilmente ao que há de bom em nós e nos outros, podemos nos manter afastados dos elementos inferiores.

A docilidade requer também que não julguemos as coisas somente pela aparência.
Ao agirmos assim, perdemos o senso da verdade interior. É preciso apegar-nos à perspectiva de que as coisas são como têm de ser, com propósitos que não podemos enxergar. A docilidade permite que sejamos mais compreensivos e pacientes conosco e com os outros.

Texto de - Wu Fang


Hexagrama 29.K'an/ O Abismal (Água)

                          Pensar em desistir da luta é um grande perigo.
                                                     Mantenha-se firme.

No I Ching, o perigo está ligado a qualquer emoção que leva à idéia de desistir ou abandonar o caminho firme, lento e paciente que vínhamos trilhando. O perigo, em geral, decorre de um inquieto descontentamento, que provoca a ambição e a perda do equilíbrio interior. Quando ficamos ambiciosos, queremos obter os resultados de nossos esforços rapidamente. Não toleramos demoras.

Diante dessa impaciência, somos envolvidos num turbilhão de emoções e desespero.
O hexagrama aconselha, então, que fiquemos imóveis, pois qualquer esforço para mudar a situação somente piorará as coisas. Por enquanto, não adianta pensar por que estamos nesta ou naquela situação ou de que modo sairemos dela. Todas as energias devem ser concentradas para aplacarmos o conflito interior até que uma solução surja naturalmente.

O hexagrama diz ainda que existe um caminho que nos livrará do perigo e da dificuldade. Entretanto, não o encontraremos se continuarmos nesse estado emocional desequilibrado.
O perigo tem origem na nossa ansiedade. Quando ansiamos demais por uma determinada solução, lutamos para acabar com o desconforto. Mas essa luta é em vão porque, nela, abandonamos a paciência e nos entregamos ao voluntarismo e até ao desespero. Desejamos rápidos progressos, mas o I Ching diz que é o caminho lento que leva a mudanças duradouras. Forçar o progresso é um erro que está ligado ao nosso orgulho. E este, por sua vez, dificulta nossa caminhada dentro dos padrões da perseverança, humildade e paciência.

O perigo também envolve uma pressão interna para fazermos algo, com o único objetivo de nos livrarmos da ambiguidade da situação. Temos, no entanto, que insistir na não-ação até que a pressão se dissipe e possamos recuperar a neutralidade, assim como a clareza mental. É preciso fluir com os eventos e permitir que o tempo atue.    

Texto elaborado por : Wu Fang.     



Ao Equilíbrio.

Hexagrama 28. TA KUO / Preponderância Do Grande


Aproxima-se uma grande oportunidade.  Fique atento às curvas da estrada.

O Hexagrama nos diz que estamos diante de uma grande oportunidade, que chegou um momento em que tomar cuidado é fundamental. Esse momento é um daqueles na vida em que há grandes chances de progresso. Tudo está fluindo, pronto para tomar uma nova direção, seja para a melhora ou para a estagnação. É a hora para a qual estivemos nos preparando durante muito tempo. Por isso, todo cuidado é pouco.

A situação pode ser difícil de ser manejada, sendo necessário concentrar as energias e mantermos a percepção. Se permitirmos que as pressões deste momento tão importante nos dominem, perderemos o equilíbrio. A cada mudança de direção, o ego ameaça derrubar nosso equilíbrio e independência interior. O remédio contra isso é tentar não antecipar os acontecimentos, manter a neutralidade e confiar no Poder Superior.

O hexagrama também se refere a fortes elementos nos outros, que os fazem assaltar-nos com seus medos, desconfianças e dúvidas. Dessa forma, somos pressionados a abrir mão da modéstia e da paciência. Para vencer o desafio, precisamos permanecer desligados, deixando que as mudanças ocorram por si mesmas, sem serem alavancadas por nós. Ser verdadeiramente rico é permanecer modesto; ser verdadeiramente poderoso é permanecer reservado. Com modéstia e reserva, alcançaremos uma real superioridade sobre a situação.
Este momento tão importante está dentro do que podemos chamar de tempos extraordinários. Por isso, é preciso tomar tanto cuidado. Devemos ficar atentos a cada mudança. Com cautela, vamos avançando passo a passo, sem precipitações. Se sentirmos a menor resistência, devemos recuar. O princípio preponderante neste momento de vida é o de cautela máxima. Qualquer erro poderá nos levar a desperdiçar um momento tão importante para o nosso progresso.

Texto elaborado por Wu Fang.

Ao Equilíbrio.       

    

Hexagrama 27. I / As Bordas Da Boca (Prover Alimento)


Fuja do Prato de vermes e se alimente apenas de coisas nutritivas para a alma.

Este hexagrama fala sobre nossa dependência do Poder Superior. Precisamos dele para nos alimentar do que mais precisamos na vida. Mas, para satisfazer essas necessidades, temos que manter uma atitude correta. Se formos modestos e despretensiosos, sempre receberemos aquilo de que precisamos, diz o I Ching.

O hexagrama fala de nutrição na mais ampla acepção do termo: a comida que ingerimos, os pensamentos que temos e as informações e fantasias que guardamos. Assim como devemos tomar cuidado com a nossa alimentação, que deve ser saudável e balanceada, também devemos prestar atenção naquilo que permitimos que entre na nossa mente e nos nossos corações. Da mesma forma que somos afetados pela comida e bebida que consumimos, também o somos pelas idéias. Uma ideia negativa pode causar efeitos bem mais danosos do que um doce estragadoDe grande importância são as idéias que guardamos através das fantasias. Se não tivermos atentos, elas se apoderam de nossa mente sem que percebamos.

O hexagrama nos avisa justamente para não nos entregarmos ociosamente à fantasia.
Ao contrário do que muitas vezes pensamos, não se trata de algo inofensivo. A fantasia pode modelar nosso destino e comportamento. Ela fica atuando em nossa mente como algo invisível, quase imperceptível no nível da consciência, mas causando estragos significativos.

O mesmo acontece com os elementos negativos. Se dermos ouvidos a eles, penetram na nossa mente, despertando medos e dúvidas. Mesmo que eles não tenham nenhuma relação com a realidade, acabam por determinar nossos atos. 

Já a fantasia nos faz achar que certas pessoas, situações ou épocas de nossas vidas são mais importantes do que outras, o que não é verdade. Mas ao acreditarmos nisso perdemos nosso equilíbrio e independência. Apegarmo-nos a algo como se fosse demasiado importante e não pudéssemos viver sem isso é o que de pior pode acontecer. 

 (Texto elaborado por Wu Fang)


Ao Equilíbrio.

Hexagrama 26. Ta Ch'u / O Poder de Domar do Grande



Não se deixe abater pelo acúmulo de tensões. Elas vêm e vão, como as ondas.


Ao longo do autodesenvolvimento, aumentamos nosso poder interior e independência. Isso provoca inveja nos outros, principalmente naqueles que ainda não se desenvolveram tanto quanto nós e permanecem presos a seus medos e dúvidas. Esta inveja faz com que eles nos testem o tempo todo. Eles querem checar se podemos perder nosso equilíbrio e serenidade.


A tentativa só terá êxito, no entanto, se essas pessoas conseguirem despertar nossos medos e incitar-nos à raiva. Caso tenham êxito, ficarão muito satisfeitas em perceber que nossas qualidades não são reais e, portanto, elas não precisam mais ter aquele modelo de crescimento a seguir. Se os testes fracassarem, provavelmente, eles continuarão através de uma série de situações difíceis, cujo objetivo é provocar uma tensão que beire o insuportável.


Nesse caso, o hexagrama aconselha a mantermos a calma, a ficarmos quietos, firmes e controlados. Isso significa mantermos os pensamentos serenos e neutros, não buscar uma solução nem acelerar um desfecho. Do mesmo modo, não devemos duvidar de nosso senso interior de verdade nem abandonar o que já foi aprendido. Se duvidarmos do que já sabemos, estaremos assumindo uma posição defensiva. E quanto mais nos esforçamos por nos defender, mais debilitados ficamos. 

Em vez disso, devemos enfrentar a própria ansiedade como quem está em pé na arrebentação, deixando que as grandes ondas simplesmente passem. Elas se dissiparão se mantivermos nossa posição com firmeza. Se conseguirmos fazer isso, nosso poder aumenta porque nos dispusemos a confiar no Poder Superior, no Tao. 

O importante é manter a atitude de perseverança, não reagindo às pressões vindas do mundo externo. Elas só querem nos desestabilizar e provar que o Poder Superior não existe e que seguir o Tao não é possível.

(Texto elaborado por - Wu Fang)

Hexagrama 25. Wu Wang / Inocência (O Inesperado)


   Faça da sua mente uma tela em branco, deixando que as coisas surjam naturalmente.


A inocência está isenta de idéias preconcebidas de preconceitos. Elas são antecipações sobre o que virá adiante. Perdemos a inocência quando olhamos para trás, para frente, para os lados. Quando fazemos isso, estamos tentando nos proteger de possíveis resultados negativos ou, então, queremos nos congratular com o sucesso obtido ou ainda nos compararmos com os outros.

Segundo o I Ching, não devemos adotar essas atitudes porque o mais importante são as necessidades do momento. Se olhamos para o lado, damos margem à inveja, ao ressentimento e até ao ódio. Perceber que nossa estrada é mais difícil do que a dos outros nos causa esses sentimentos. Tal atitude tem a ver com o medo do desconhecido, do futuro, com dúvidas que temos a nosso próprio respeito.

Atuar com inocência é agir com a mente clara, pura e vazia, comprometida apenas com o bem. Quando a dúvida surge, devemos nos retirar para um estado mental "Vazio" e dispersar as energias negativas presentes. Para manter a inocência devemos nos libertar do presente e permitir que as mudanças aconteçam.

Uma vez que não possuímos mais a inocência natural da infância, precisamos nos empenhar em manter uma espécie de inocência consciente. Se conservarmos a mente aberta e livre, como se fosse uma tela em branco, conseguiremos obter uma perspectiva cósmica e compreender a natureza do bem e do mal. Quando todas as estradas parecem bloqueadas, podemos ver uma senda. No auge da tempestade, podemos nos lembrar do arco-íris. Tudo depende de nossa mente aberta, e do pensamento positivo. Se, no entanto, ficarmos presos a idéias preconcebidas, preconceitos e a defesas ultrapassadas, nossas reações criativas e inocentes não surgirão. Ser inocente é ser puro de coração.

É preciso tentar manter essa pureza, evitando empregar métodos errados para alcançar nossos objetivos. Quando trabalhamos para manter a inocência, os benefícios surgem à nossa volta.

Texto elaborado por: Wu Fang.         

               

   

Hexagrama 24. Fu / Retorno (O Ponto de Transição)


Afaste o orgulho do seu horizonte. Ele só nos leva ao desequilíbrio.


Este hexagrama significa que estamos nos afastando do Caminho Superior.

Por causa da dúvida, voltamos a um velho sistema de defesas e estratégias para lidar com os problemas. Estruturas de relacionamento que já haviam sido superadas ressurgem, porque deixamos de lado a autodisciplina ou simplesmente paramos de prestar atenção à nossa atitude interior.

Receber o hexagrama 24. Fu, portanto, é um aviso para que prestemos atenção na questão e voltemos ao Caminho não estruturado, o caminho que independe de defesas e estratégias e se baseia, sim, na humildade e na aceitação. É preciso renunciar à racionalização dos acontecimentos, que sempre nos leva a discutir e apelar para a força (Caminho Inferior).

Temos que dar espaço para a compreensão Cósmica, renunciando ao orgulho, e pedir ajuda ao Criativo. O orgulho provavelmente foi despertado pelas transgressões de outras pessoas, mas também porque nos sentimos abandonados pelo destino ou pelo Poder Superior. Mas se conseguimos ver que o Poder Superior não nos abandonou, poderemos voltar ao Caminho Superior, vencer o orgulho e seguir na perseverança.

Para tanto, é fundamental não deixar que idéias negativas penetrem em nossa mente. Quando elas ameaçam se instalar, devemos imediatamente expulsá-las. Elas nos levam à dúvida e, conseqüentemente, ao antigo esquema das manipulações e mecanismos de defesa. É preciso dar meia volta, fugir de tais idéias antes que elas tenham tempo e força para se estabelecer. Se nos deixarmos levar por elas, perderemos a capacidade de enxergar à nossa volta. Mas, se conseguirmos combatê-las, será possível retornar ao caminho correto, o de humildade e aceitação. Assim, poderemos seguir a trilha do progresso através de passos medidos cautelosamente. 

(Texto elaborado por: Wu Fang)

Namastê!

Hexagrama 23. PO / Desintegração

Apenas seja. Passe a vida toda tentando ser.
Já terá feito muito.


O hexagrama nos avisa que o medo e a dúvida já nos fizeram sair do nosso caminho ou estamos prestes a fazê-lo. A maior dúvida, aquela que nos atormenta a alma, é se conseguiremos alcançar nosso objetivo seguindo o caminho da docilidade e da não-ação. Tememos que, se simplesmente deixarmos o barco correr, nunca chegaremos ao alvo desejado. Por isso, relutamos tanto em deixar que o rio siga o seu curso, sem a nossa interferência. Mas ao adotar essa atitude estamos no caminho da desintegração.

Precisamos acreditar que receberemos a ajuda necessária. Ao duvidarmos disso, nos afastamos automaticamente do Poder Superior que, então, nos deixa entregues à própria sorte. Mas se seguirmos o fluxo da corrente, o Criativo (o Tao) trabalhará a nosso favor.

A desintegração também pode se referir a época em que perdemos a percepção e abandonamos nossas responsabilidades. O abandono ocorre quando abandonamos pessoas sem demonstrar gentileza, ou por considerá-las incorrigíveis ou por não acreditarmos que elas possam se relacionar corretamente conosco.

O hexagrama também pode ser recebido quando retornamos ao caminho correto depois de tê-lo abandonado durante um período. Ele pode referir-se a outras pessoas saindo do seu caminho. Seja qual for o caso, a única coisa a fazer é seguir nosso rumo, com docilidade e simplicidade, e sem temer as adversidades. É preciso saber que, muitas vezes, o único meio que temos para crescer e corrigir atitudes erradas é enfrentando dificuldades.
É claro que, dentro do possível, a adversidade deve ser evitada. Ninguém gosta de sofrer e viver agruras. Mas, se ela ocorrer, deve ser encarada com moderação, extraíndo-se dela cada lição que tem a nos oferecer. Assim, evitamos que as lições tenham que ser repetidas mais tarde.

Receber este hexagrama significa que devemos buscar superioridade para enfrentar as situações difíceis, porque elas no momento serão inevitáveis. É um momento de colheita e preparação do solo, para mais tarde, colhermos frutos melhores. Os Trigramas oferecem a atitude correta que devemos assumir para atravessarmos este hexagrama com sabedoria.

Kên sobre K'un - A Quietude, Montanha sobre O Receptivo, Terra.
Kên - Montanha 

Este Trigrama tem uma linha forte e inteira em cima e duas linhas partidas e passivas embaixo. Sua forma gráfica, com a linha forte Yang em cima, dá a idéias de algo barrando a mobilidade das linhas Yin. Daí surge a imagem da montanha. É o filho mais moço da Terra com o Céu, o oposto do seu irmão mais velho, o Trovão. Suas características cósmicas são também inversas às do Trovão: lá tudo nasce, tudo começa, e aqui tudo morre, tudo termina.

Vida é movimento. Quando algo se cristaliza e imobiliza, como acontece com uma montanha, tende a fenecer. No entanto, a nível espiritual, Kên tem características positivas, como repouso e o aquietar dos pensamentos da vida material para uma maior vivência das realidades transcendentes. Nesse sentido, Kên é também o começo de um novo nível de consciência.

Um outro aspecto interessante de Kên é o seu poder acumulador.
A montanha é uma barreira onde as nuvens interrompem seu movimento e se acumulam até causar a chuva. Isso equivale a um gerador acumulativo de energias que, ao interagir com outras forças, imobiliza-as gerando uma maximização do seu potencial. Por esse motivo, os sábios e iluminados do oriente buscavam as montanhas para o exercício da meditação.

Na vida humana, a montanha simboliza aquilo que freia, que retém para uma reflexão maior. Todas as vezes que estamos "impedidos" é a força de Kên que está agindo. Tudo o que está temporariamente imobilizado é Kên.

No nosso corpo, Kên representa as mãos pelo seu poder de agarrar, prender e reter os objetos. No ciclo da maturação, Kên é o fim e o começo, a aurora que finaliza o repouso, que inicia uma nova etapa, um novo dia. A vida aqui termina, mas essa morte é apenas uma passagem para uma nova forma de existência.


K'un - Terra
Trigrama composto por três linhas abertas ao centro, carregado de energia negativa (sem o juízo de valor que a palavra possui no ocidente). O vazio ao centro dessas linhas significa a passagem livre da energia, seu poder de receber e de doar. No plano cósmico, simboliza a capacidade de nutrir, de partejar, de dar forma às ideações do trigrama Ch'ien.

K'un realiza o que a vontade criadora do universo decide; ele é a forma.
No plano visível, é a Terra que sustenta e nutre todos os seres vivos, a mulher, a mãe. Das estações do ano, é o inverno onde a natureza repousa e se nutre. No mundo dos animais, K'un é representado pela égua, por causa da sua obediência, e pela vaca, por causa da sua docilidade.

No mundo dos homens, K'un é, primeiramente, representado pela mulher que tem a capacidade de receber o homem e gerar filhos. Representa a maternidade e a fertilidade, a mãe. Aqui, é bom lembrar que os atributos de K'un não são exclusivos da mulher, do sexo feminino, referindo-se, na realidade, aos aspectos psíquicos com qualidades Yin, que tanto podem pertencer ao homem quanto à mulher. Daí, todos os sentidos de nutrir, proteger, dar forma e abrigar passam a ser características de K'un.

A parte do nosso corpo que representa K'un é o ventre que gera filhos ou metaboliza a energia que alimenta o nosso corpo. K'un representa, no ciclo de maturação, o complemento da obra, sua materialização.

Luz e Sabedoria!

Hexagrama 22. PI / Graciosidade (Beleza)


A Beleza é uma dádiva, desde que não nos vangloriemos dela.


Graciosidade pode se referir a ornamentos falsos ou verdadeiros. Os falsos têm a ver com um comportamento presunçoso. Os verdadeiros são a posse de uma mente aberta, de humildade e simplicidade. Tudo o que diga respeito a uma falsa imagem, à tentativa de se mostrar uma aparência que não condiz com a realidade, pode ser chamada de um ornamento falso.
A tendência a "vender" uma imagem arrogante de si mesmo e uma inteligência ferina também são ornamentos falsos.


A imagem falsa que criamos de nós mesmos é um falso eu, fruto dos mecanismos de defesa que usamos no dia-a-dia para mostrar superioridade e não sermos vítimas de desprezo ou pena. Quem se preocupa tanto com a forma como é visto pelos outros está fazendo o oposto do que I Ching prega. O I Ching nos diz que somente através da verdade interior é que alcançamos resultados.


Querer dar um "polimento" na auto-imagem equivale a buscar falsas soluções para os problemas. Tem a ver também com uma maneira rígida de encarar os problemas e as situações. Às vezes, fixamo-nos em idéias e conceitos preconcebidos e não nos permitimos mudar de posição. Uma situação que consideremos desastrosa na nossa vida, do ponto-de-vista Cósmico, pode ser a única forma de fazer tudo funcionar corretamente. Só mais tarde nossa percepção captará isso.


A verdadeira graciosidade, porém, nada tem a ver com isso. Ela renuncia a todos os mecanismos de defesa e aos jogos de aparência, detendo-se apenas no autoconhecimento. Para tal, investe no relacionamento com o Tao, permitindo que as coisas aconteçam sem interferências ou manipulação. Deixamos de nos empenhar para que as coisas aconteçam desta ou daquela forma, assim como abandonamos a busca pelos adornos falsos.

Recebemos este hexagrama quando planejamos fazer algo, em vez de esperar pacientemente pelo acaso. O Hexagrama nos chama de volta à simplicidade, dizendo-nos que o planejamento e as maquinações bloqueiam a ajuda do Sábio.


Texto elaborado por: Wu Fang


Hexagrama 21. Shih Ho / Morder


Abra a boca e devore o que puder, mas sem cair na voracidade. Tente!

Este hexagrama diz respeito a como chegarmos à verdade da questão, mas mostra que há algo impedindo o acesso ao alimento. Neste caso, alimento refere-se a alcançar a harmonia com outra pessoa, com a verdade ou com o Sábio. Esta unidade ou harmonia é um alimento vital para nós como seres humanos.

As pessoas se confundem em relação à verdade porque, existem idéias difamadoras, entre elas as falsas idéias sobre Deus, a natureza ou o funcionamento do Cosmo (das Leis Universais). Mas ao descobrirmos que algo não é verdadeiro, ou que é simplesmente um erro, somos compelidos a "mordê-lo", a eliminar o que está obstruindo nossa harmonia.

A percepção de que uma coisa é certa ou errada se transfere automática e inconscientemente para as outras pessoas. Não precisamos fazer nenhum esforço consciente para que isso aconteça. Ao reconhecermos algo errado, a primeira pergunta é: "O que faremos a respeito?". Ao identificarmos o elemento ruim, devemos simplesmente entregá-lo ao Cosmo (As Leis Universais) para que o resolva e corrija. Depois, recuamos e não pensamos mais nisso. A entrega do assunto ao Cosmo (As Leis Universais) ativa o poder da verdade.

O hexagrama mostra que devemos ser enérgicos na hora de eliminar o que está obstruindo nosso caminho até a harmonia. É preciso uma grande energia para a retirada dos obstáculos. Perdoar significa que compreendemos como as pessoas são motivadas a agir mal. É compreender que o medo e a dúvida têm um grande poder sobre as pessoas. Mas erramos ao pensar que perdoar equivale a esquecer.

Para o I Ching, não devemos esquecer, assim como não esquecemos as lições de História. Caso contrário, seríamos arrogantes e complacentes. As pessoas continuarão vulneráveis a seus medos e maus hábitos até adquirirem o insight que as levará à disciplina. Devemos estar conscientes de que a pessoa em questão ainda não se corrigiu e que é preciso darmos o espaço e o tempo necessários para que ela encontre o seu caminho.  

Texto elaborado por: Wu Fang


Ao equilíbrio!

Hexagrama 20. Kuan / Contemplação (A Vista)


Os pensamentos comandam toda a nossa vida.
                                                            Por isso, cuidado com eles.


Este hexagrama nos diz que, através da contemplação, podemos alcançar a verdade interior. Recebê-lo significa que devemos pedir ajuda ao Sábio para penetrarmos na essência do assunto. Quando nos desligamos de uma determinada situação ou problema, nossa compreensão é capaz de alcançar o nível cósmico, no qual a nossa perspectiva se baseia nos princípios da justiça universal e não nas nossas vaidades ou medos. Esse desligamento pode ser obtido através da meditação ou da contemplação.

Quando conseguimos adquirir essa nova perspectiva, desaparecem as ambigüidades. Na vida cotidiana, amor e ódio, antipatia e simpatia, justiça e injustiça estão juntos de forma inseparável. No nível cósmico, porém, as dualidades se extinguem. Quando a perspectiva do Sábio vem até nós através da contemplação, experimentamos um julgamento que nada tem a ver com juízo; a paciência, tolerância e compreensão substituem pequenas simpatias e antipatias.

Devemos procurar as idéias que geram obstáculos e livrarmo-nos delas.

Ao observar as pessoas, não devemos nos deter no que há de errado nelas, mas perceber que o crescimento implica em erros e enganos. Também não podemos esquecer que o processo de crescimento requer que as coisas se expandam inteiramente, antes que possam contrair-se. Uma pessoa que segue uma estrada sem saída só pode desistir dela quando enxergar claramente para onde vai. Muitas vezes, isso significa que a estrada tem de ser seguida até o final.

Ao recordarmos nossos erros e ilusões também somos capazes de manter a modéstia e uma percepção moderada em relação aos erros dos outros. E só conseguiremos influenciar os outros se mantivermos nossa independência interior. Quanto mais consistente for a nossa pureza interior e beleza espiritual, maior será nossa influência para atingir o bem.

Serenidade e Equilíbrio!

Hexagrama 19. LIN / Aproximação

Tempos melhores virão, mas isso não autoriza ninguém a se descuidar.


Quando desenvolvemos uma atitude equilibrada, sincera e perceptiva, ganhamos a ajuda do Sábio. Em decorrência disso, a situação melhora e as tensões se dissipam. Juntamente com essa boa notícia, o hexagrama avisa que devemos nos proteger contra uma atitude descuidada e autodestrutiva. Se a tensão diminui, corremos o risco de voltarmos à arrogante autoconfiança de antes e esquecermos que as causas de nossa boa sorte foram a simplicidade e a humildade.

Não devemos jamais imaginar que, uma vez que o Sábio nos ajude, ele estará sempre disponível. À medida que formos nos descuidando, que nos tornarmos mais tolerantes com os nossos elementos inferiores, perdemos a disciplina. E ao perdermos nosso senso de limites, perdemos também a ajuda do Sábio. Voltados para nós mesmos, permitimos que o ego reassuma a liderança e, então, retornamos ao velho hábito de manipular as situações e nos intrometemos na vida dos outros. Para evitar essa recaída, é fundamental cultivar a disciplina mesmo durante as épocas boas.

Este hexagrama sugere também que devemos seguir em frente, no que se refere a uma atitude em que permanecemos emocionalmente desligados e interiormente independentes. Se os tempos melhoraram, isso não significa que devemos afrouxar a disciplina ou nos entregarmos à indulgência. Devemos aproveitar o momento bom, mas sem nos perdermos nele. Seguir em frente significa não esquecer a modéstia e continuar perseguindo o progresso. Uma vez que não nos entreguemos aos altos e baixos das atitudes emocionais, mantemos a firmeza interior que caracteriza o Sábio. Os bons tempos não devem gerar em nós entusiasmos e esperança. Caso contrário, perderemos o equilíbrio interior. Só progredimos quando mantemos uma atitude firme e correta. Da mesma forma, se os tempos piorarem novamente, não devemos cair no desespero. Devemos permanecer equilibrados em nosso interior.

Texto elaborado por: Wu Fang

Sabedoria, paz e amor!

Hexagrama 18. KU / Trabalho sobre o que se Deteriorou

                      Seja tolerante com o que se deteriorou, em você mesmo e nos outros.



Receber este hexagrama indica que as percepções e crenças que julgávamos definitivas são incorretas. Ele também nos questiona em relação aos meios que estamos usando para nos relacionar com o Sábio, com o destino, com outras pessoas ou com a nossa situação em geral. Devemos fazer uma auto-análise e avaliar nossa maneira de reagir ao tratamento recebido dos outros. Antes de ir em frente, é preciso reconhecer nossas falhas e corrigi-las.

O I Ching muito se preocupa com perspectivas falhas e difamações da verdade. Buscar consolo numa postura vingativa ou rude é uma das atitudes falhas nas quais costumamos cair. É comum também que desconfiemos de Deus e da bondade da natureza humana e acreditemos que a vida é só sofrimento. O apego a essas idéias leva ao erro e ainda pode influenciar outros a adotá-las.

Este hexagrama mostra ainda a maneira correta de reagirmos aos outros, quando eles se mostram insensíveis, indiferentes ou injustos. Para uma reação correta, é imprescindível que eliminemos a raiva e nos libertemos de considerações pessoais, como o desejo ou a inveja. Devemos reconhecer as atitudes erradas, mas dentro de um contexto justo e moderado. Assim, o poder da verdade interior acaba corrigindo o problema.

Com a correção de atitudes, as resistências se desfazem, a suspeita e a desconfiança desaparecem e, pouco a pouco, a situação volta à normalidade, recuperando seu equilíbrio. Enquanto isso não ocorre, porém, não devemos apelar para a força ou pressões. Deixemos que as coisas sigam seu curso natural, dando espaço e tempo para os outros. Se formos consistentes em nossa neutralidade e afastamento, os outros perceberão e seguirão o mesmo caminho.

Texto elaborado por Wu Fang.

Ao Equilíbrio!

Equilíbrio

Os virtuosos exaurem-se com o Tao.
Não se preocupam com as coisas materiais, apenas com a espiritualidade e amor.



Livro de Sabedoria

Aquele que aprende a ouvir, o que o I Ching chama de Sábio, possui as chaves dos mistérios, livre de preconceitos. Segue o seu caminho confiante, compreendendo que não está sozinho; é um canal por onde flui a energia divina. O Universo auxilia no seu aprendizado, bastando para isso sintonizar-se com o mesmo através da vontade, tendo o Homem Superior como modelo (Chuntzu), e a virtude de saber ouvir o que o Sábio aconselha, de acordo com o momento.

O I Ching não dita regras, ele inspira verdades, e talvez seja esse o seu segredo de imortalidade.

                                                 Meditando antes da consulta ao I Ching


Hexagrama 17. Sui / Seguir




Seja fiel aos próprios valores e as portas do Destino se abrirão naturalmente.

Ser fiel ao bom e verdadeiro que existe dentro de nós é servir ao Poder Superior. Apenas sendo fiéis a nós mesmos podemos ser fiéis também aos outros. E quando seguirmos a nossa verdade interior conseguimos despertar nas pessoas a confiança necessária que elas também sigam o que é bom e verdadeiro dentro delas. Este hexagrama deixa claro que, ao convidar outras pessoas a nos seguirem, devemos compreender os princípios do trabalho. As pessoas só podem seguir-nos sem prejuízo quando estamos realmente voltados para o que é bom e correto. Nossa dedicação à verdade atrai o respeito e a lealdade dos demais. Mas isso ocorre naturalmente. Nenhuma lei ou obrigação é capaz de impor lealdade.


O Hexagrama nos diz que todo bem é alcançado quando seguimos o bem interior. Não há necessidade de manipulações, interferências ou imposições. Se cairmos nessa armadilha, estamos agindo como a criança mimada, que choraminga porque ainda não tem aquilo que deseja e tenta impor a sua vontade.

Receber este hexagrama pode significar que assumimos uma atitude de resistência, irritados, porque a situação ainda não se resolveu e estamos prestes a abandonar nosso destino de resgatar os outros. Não podemos, entretanto, desistir. É preciso recuperar a independência interior, libertar-nos das emoções e continuar seguindo o bem. Devemos lembrar quantas vezes ficamos impacientes por causa dos reveses e tais reveses são conseqüência de alguma indulgência pessoal. 

O I Ching diz que só podemos liderar os outros quando seguimos o bem. Nada alcançaremos se nos retrair-mos e nos fecharmos porque, assim, eles não seguirão o caminho. A mente deve permanecer aberta, mas não adianta tentar mostrar a verdade a quem não está interessado em enxergá-la. Se a atitude de alguém é de resistência, não devemos insistir. Deixemos que a situação apropriada surja num outro momento.

 Texto elaborado por: Wu Fang

Saúde e Longevidade!

Carla Cristina Filizzola.

Hexagrama 16. YU / Entusiasmo


Não tente resistir. A não resistência é o melhor caminho a seguir.

                                           Este Hexagrama aborda três tipos de entusiasmo:


A inspiração em seguirmos um caminho por vermos que é o correto;


A inspiração que produzimos nos outros por sermos equilibrados e corretos;


E o entusiasmo ilusório.

Quando damos atenção aos desejos, ansiedades e preocupações do nosso ego, desenvolvemos entusiasmo pelas soluções que ele propõe, o que significa que é um entusiasmo enganador. Esse entusiasmo é o oposto daquele que ocorre quando percebemos que o trabalho firme e paciente acabará com os obstáculos que existem entre nós e nossos objetivos.


O I Ching nos mostra um caminho muito mais ligado ao ordinário do que ao extraordinário. Isso significa que o que importa são as atitudes do dia-a-dia, o relacionamento com as pessoas, e não projetos para salvar o mundo. Não precisamos virar heróis, mas sim ter uma atitude correta diante dos desafios rotineiros da vida. Em vez de nos exibirmos e buscarmos reconhecimento e elogios, devemos fazer o bem de forma invisível.
O objetivo é somente seguir o caminho Superior. Na verdade, não existe um alvo a ser alcançado, mas apenas o caminho e o trabalho de trilhá-lo, da melhor maneira que pudermos. Nossa vida diária nos proporciona o que necessitamos para crescer e evoluir espiritualmente. Não precisamos viajar nem ter experiências exóticas. A vida cotidiana nos oferece todas as situações apropriadas para o desenvolvimento da paciência, modéstia, reserva e mente aberta. Fluir com o tempo, aceitar a vida modestamente como ela se apresenta, buscar apenas ser sincero no próprio sistema de vida e verdadeiro consigo mesmo: esse é o caminho.


Devemos evitar o entusiasmo ilusório de que atos grandiosos foram responsáveis pelo sucesso alcançado. Na verdade, não temos o poder de manipular os eventos. Da mesma forma, devemos evitar atitudes arrogantes e não nos vangloriarmos de uma suposta superioridade, que é irreal.


                                                      寿 longevidade a todos!

Hexagrama 15. Ch'ien / Modéstia


Seja como a montanha, que não se incomoda de virar planície, se for preciso.


A montanha se desgasta para se transformar em planície. Essa é a imagem da modéstia: Um estágio de evolução. O hexagrama aconselha a nos livrar da ostentação ( Os cumes da montanha) e a desenvolver nosso caráter (preenchendo as falhas profundas). Recebê-lo significa que precisamos refletir mais sobre a modéstia. Na prática, ser uma pessoa modesta equivale a se deixar levar pelo Poder Superior, sem oferecer resistência.

A resistência nem sempre é óbvia. Ela pode assumir formas sutis, como, por exemplo, quando o ego elabora planos e esquemas para abordar os problemas. A modéstia significa que, enquanto estivermos atentos a nossos valores e princípio, estamos receptivos à nossa voz interior, às oportunidades para que façamos a coisa certa. Geralmente, elas surgem em momentos surpreendentes. É modéstia também não avançar demais para acelerar o progresso. O I Ching diz que  não devemos tentar obter mais do que a situação permite.

Modéstia tem a ver com nos permitirmos a dependência do Cosmo e pedir a ajuda do Sábio quando necessário. A modéstia se baseia na simplicidade e sinceridade. As presunções arrogantes nos afastam do Sábio, das outras pessoas e da possibilidade do inesperado.

Ser modesto é manter a mente aberta e reconhecer que o caminho cheio de curvas do Criador trabalha em benefício de todos, enquanto que a encruzilhada criada por nosso egoísmo serve apenas aos nossos interesses pessoais, muitas vezes em detrimento das outras pessoas.

A modéstia faz bom uso do silêncio e da reserva. Não devemos nos precipitar em oferecer ajuda porque nossa interferência pode estar sendo exagerada e roubando o espaço dos outros para o aprendizado.

Texto de Wu Fang.


Luz e Sabedoria!

Hexagrama 14. TA YU / Grandes Posses

Finalmente a luz se fez e já é possível compreender o que se passa à nossa volta.


Este hexagrama se refere ao estado de serenidade e independência interior que atingimos quando perseveramos e tentamos encontrar o caminho correto. Neste estado, somos a manifestação do Poder Superior. A independência interior é um bem adquirido após superarmos a autopiedade.

O caminho correto é um bem adquirido ao abdicarmos de atos equivocados.


O Hexagrama revela que se, de fato, possuímos alguma coisa ela não pode ser perdida ou destruída.


O que ganhamos - o progresso conquistado com esforço árduo - não pode ser perdido, ainda que haja recuos temporários. Rupturas em nossos relacionamentos, por exemplo, podem ser uma oportunidade para uma melhoria de atitudes e aprendizado.


O que o I Ching chama de "Grandes Posses" tem a ver com clareza mental, desprendimento e segurança interior. Não é algo que possamos simplesmente criar, usando nosso esforço. Ocorre quando nos encontramos em harmonia com o Cosmo. Essa harmonia existirá enquanto seguirmos o que é bom e verdadeiro. Diante do mal, devemos nos acautelar para que os elementos inferiores não nos contaminem.


A conquista de "Grandes Posses" é um encontro com o Criativo. Uma vez que isso aconteça, é importante não abusar do poder assim gerado. Existe o perigo de ficarmos demasiado duros, esquecendo que tudo o que conquistamos não foi fruto apenas de nosso esforço. Só conseguimos o que conseguimos graças ao Poder Superior. Ele é o responsável por nosso sucesso. Não devemos também cair na tentação de esquecer a modéstia. É o cultivo da modéstia e da independência interior que nos manterá no caminho do sucesso.


Devemos nos manter afastados, não aceitando as lisonjas nem aceitando desafios que nos levem a atitudes defensivas. Aqueles que tentam nos desafiar emocionalmente devemos deixar seguir o seu caminho.

Texto elaborado por Wu Fang


Expansão e Sucesso!

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